Olhinhos, pezinhos, orelhinhas. Por meio do exame de algumas partes do corpo do seu bebê, ainda na maternidade, é possível saber se ele está ?inteirão?. O teste do olhinho vermelho, ou teste do olhinho, o mais novo da lista, é obrigatório em todas as maternidades e estabelecimentos hospitalares do Estado, graças a uma lei sancionada pelo governador José Serra (PSDB) neste mês. O exame, feito de forma rápida e simples, pode diagnosticar várias alterações oculares. Com uma lanterna, o pediatra projeta uma luz vermelha na pupila do bebê. A criança que tem uma visão saudável apresenta um reflexo vermelho da pupila. A cor mostra que as estruturas internas do órgão (córnea, íris, pupila e cristalino, por exemplo) estão transparentes, permitindo que a retina seja atingida de forma normal. Reflexo esbranquiçado pode ser sinal de um problema ocular. Feito nas primeiras horas de vida do bebê, o teste do olhinho pode evitar a perda da visão, estágio final dos problemas oculares como glaucoma, catarata congênita e retinoblastoma. Além disso, serve para detectar estrabismo e más-formações no órgão. Muitas mães se assustam ao ouvir a expressão ?teste da orelhinha?. Imaginam que terão de ver seus bebês sendo apertados ou espetados. É por isso que muitos fonoaudiólogos insistem para que o nome correto do exame, triagem auditiva - que é de realização obrigatória nas maternidades de São Paulo desde janeiro -, seja usado. O teste é feito enquanto o bebê dorme, para que o choro não interfira na análise das células que registram o som. Por meio de sons fraquinhos, emitidos por um fone para o ouvido da criança, especialistas analisam se as células da cóclea - parte do ouvido que identifica os sons - se movimentam e fazem algum ruído. Células mortas permanecem imóveis e não fazem qualquer som. Isso pode significar que a criança apresenta alguma desordem auditiva. Se o exame é feito nos primeiros dias de vida, a criança deve retornar 15 dias depois, uma vez que parte do líquido da placenta pode se alojar nos ouvidos. Se, no segundo exame, as células permanecerem sem movimento, o bebê é encaminhado para outros exames. ?Alguns problemas auditivos, como a surdez, por exemplo, não podem ser revertidos, mas, quanto antes iniciado o tratamento, melhor?, diz a fonoaudióloga Doris Lewis, do Centro Audição na Criança. Ele é feito com o uso de aparelhos auditivos e terapia de fonoaudiologia, para evitar problemas na fala. O mais famoso entre os três exames, o teste do pezinho avalia doenças metabólicas - que podem interferir no desenvolvimento mental e físico da criança - a partir de uma pequena quantidade de sangue retirada do calcanhar do bebê. O teste do pezinho pode diagnosticar precocemente até dez doenças e deve ser feito 48 horas depois do nascimento. ?Algumas doenças só serão detectadas se o bebê já tiver ingerido alguns nutrientes, que farão o metabolismo dele funcionar?, explica a neonatologista Andréa Patente, do Hospital e Maternidade São Camilo Santana. Pais podem optar por dois tipos de exame. O básico, feito em todas as maternidades, é obrigatório por lei em todo o País e diagnostica quatro doenças de maior incidência. São elas: a fenilcetonúria, o hipotireoidismo congênito, a hemoglobinopatia e a fibrose cística. O teste do pezinho ampliado tem um custo maior, mas pode diagnosticar até dez doenças congênitas relacionadas ao metabolismo ou a infecções. Além das quatro doenças do exame convencional, ele também avalia a presença de doenças mais raras, como a cromatografia de aminoácidos, hiperplasia congênita das supra-renais, galactosemia, deficiência de G6PD (uma enzima), deficiência de biotinidase e toxoplasmose. Quando diagnosticadas precocemente, as doenças podem ter tratamento através de dieta (no caso da fenilcetonúria) ou com medicamentos, mesmo antes de os sintomas se manifestarem.