PM é afastado após desocupar reitoria

Alunos de Santo André entraram em confronto com policiais durante ato contra reajuste de mensalidade

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Por Elisangela Roxo e Simone Iwasso
Atualização:

Denúncias de abuso e violência contra estudantes que ocuparam a reitoria do Centro Universitário Fundação Santo André, na Grande São Paulo, levaram a Polícia Militar a afastar ontem o comandante responsável pela desocupação, cujo nome não foi divulgado. Na noite de anteontem, cerca de 400 alunos - dos 11 mil que tem a instituição - entraram no local para protestar contra o aumento das mensalidades e foram retirados à força pela polícia, após pedido da direção da faculdade. "Eles entraram na reitoria batendo, dando tiro de bala de borracha", conta Rodrigo Monteiro, de 21 anos, aluno do segundo ano de Ciências Sociais. Ele estava indo embora quando foi parado por um policial, algemado junto com mais um colega e levado para a delegacia. Ele conta ainda que havia forte cheiro de gás pimenta no banheiro. "A gente tinha de cobrir o rosto com a camiseta para tentar ir ao banheiro, mas era uma tortura", afirmou Monteiro. Uma parte dos alunos, com medo, entrou na casa dos vizinhos. "Gritávamos que éramos estudante e os policiais respondiam: vão apanhar que nem ladrão", conta uma aluna que pediu para não ser identificada. Ela diz que a polícia os ameaçava de morte. "Vocês vão morrer quando sair daí, eles gritavam para nós." Ela disse que saíram da casa de mãos dadas em fila. Oito alunos foram presos e liberados durante a madrugada. "Nos fizeram dar uma volta no quarteirão, andávamos e a viatura vinha atrás. Até a estação de Santo André." De acordo com os estudantes, a instituição havia anunciado reajustes de 8% a 126% nas mensalidades. Em nota, a reitoria nega os valores e afirma que "eventuais reajustes e correções para o próximo ano estão em processo de discussão". A atitude dos policiais motivou a abertura de inquérito policial. "Os possíveis abusos e excessos que tenham ocorridos durante a ação não são admitidos pela Polícia Militar, que afastou o comandante da ação", diz o texto. Ontem à noite, os alunos voltaram a protestar. Cerca de 600 deles fizeram assembléia e decidiram entrar em greve. De acordo com os alunos, os professores também aderiram à paralisação, em solidariedade.

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