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Petrobrás acusada de adiar corte de enxofre

Xico Graziano diz que estatal foge do problema e que cobrará prazo inicial

Por Cristina Amorim
Atualização:

O secretário estadual do Meio Ambiente de São Paulo, Xico Graziano, disse ontem que "a Petrobrás está fugindo, postergando o problema" da redução da taxa de enxofre no diesel comercializado no País. Em um evento sobre desenvolvimento sustentável, que acontece no Memorial da América Latina, ele afirmou que o governo do Estado vai exigir o cumprimento do prazo: janeiro de 2009. Hoje, o diesel que alimenta veículos grandes no Brasil apresenta entre 500 e 2 mil partes de enxofre por milhão (ppm). Uma resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), de 2002, define que o índice deve cair para 50 ppm. Na Europa, a concentração permitida em 2009 será de 10 ppm. O setor automobilístico alega que precisa de dois a três anos para se adaptar, mas não começou o processo até agora porque espera a publicação de especificações desse novo combustível pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) - o que ainda não aconteceu. O monopólio da produção do diesel é da Petrobrás. Segundo Graziano, o custo elevado calculado para a reforma das plantas de refino do óleo, onde a taxa de enxofre seria então reduzida, não justifica o atraso. "(A Petrobrás) Diz que os investimentos são vultosos. Mas não diz quanto. Talvez sejam necessários US$ 3 bilhões. Bom, é muito dinheiro. Mas, só neste semestre, ela apresentou um lucro líquido de R$ 11 bilhões, o que dá aproximadamente US$ 5,5 bilhões." Ele também criticou o movimento ambientalista por não se preocupar com a questão. O enxofre é um dos poluentes atmosféricos mais graves, que provoca doenças respiratórias e cardiovasculares. Segundo dados levantados pela Faculdade de Medicina da USP, oito pessoas morrem diariamente na região metropolitana de São Paulo por problemas relacionados à poluição. O secretário participa hoje, no Rio, de uma reunião na ANP "para entender essa dificuldade de regulamentação". Hoje, o movimento Nossa São Paulo promove um ato público pelo cumprimento da resolução do Conama. A manifestação começa às 10 horas, no Sesc Consolação (Rua Dr. Vila Nova, 245).

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