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Perfil de diretor melhora em até 18% a nota da escola em avaliação

Profissional com 20 anos ou mais na mesma unidade faz a maior diferença em SP; alta rotatividade reduz média

Foto do author Renata Cafardo
Por Renata Cafardo e Simone Iwasso
Atualização:

Diretores que trabalham 20 anos ou mais em uma mesma escola estadual podem melhorar em até 18% o desempenho de seus alunos em avaliações oficiais. Cruzamento de dados inéditos feito pela Secretaria Estadual da Educação de São Paulo mostra que a experiência e a menor rotatividade dos profissionais são os indicadores que mais influenciam positivamente na aprendizagem dos estudantes. O perfil dos diretores foi comparado às notas dos alunos no Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado (Saresp), realizado em 2007. Segundo o estudo, quanto maior o tempo de permanência de um diretor na escola maior o acréscimo de pontos no Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (Idesp). O indicador, criado neste ano pelo governo, varia de 1 a 10 e leva em conta a nota do Saresp e o número de alunos na série correta para a idade. Cada escola tem seu Idesp. Naquelas em que o diretor está no cargo por período entre 5 e 10 anos, o aumento é de 0,09 ponto no índice. Entre 10 e 15 anos com o mesmo diretor, a diferença é de 0,11 ponto. Entre 15 e 20 anos, 0,25. Com 20 anos ou mais, 0,26. O aumento é considerado significativo, já que o Idesp médio dos alunos no 3º ano do ensino médio, por exemplo, é de apenas 1,41. Na 8ª série, a média no Estado é de 2,54, ou seja, o aumento de 0,26 representa 10% a mais. A média na 4ª série é de 3,23. Segundo a responsável pela pesquisa, Priscilla Albuquerque Tavares, os estudos mostraram ainda que escolas que mudaram de diretor nos últimos dois anos tiveram queda de 0,03 ponto. "Os resultados mostram o quanto é importante um diretor estável", diz. Priscilla coordena o recém-criado Laboratório de Idéias, grupo da secretaria que produzirá pesquisas sobre a rede. Recentemente, o Estado mudou as regras para tentar diminuir a rotatividade dos profissionais na educação, o que causou polêmica e levou a uma greve de professores de 22 dias, no primeiro semestre deste ano. Um decreto, publicado em maio, passou a impedir, entre outras coisas, que os profissionais se transferissem antes de completar 200 dias na escola. "Quanto mais tempo o diretor ficar na escola maior será a integração dele com o corpo docente e a comunidade. Por isso, é importante que queira ficar no local", diz Luis Gonzaga de Oliveira Pinto, presidente do sindicato dos diretores das escolas estaduais (Udemo). "Não adianta impor essa permanência. O profissional precisa de incentivos, principalmente para ficar nas escolas mais violentas e distantes, as que mais precisam", diz ele, que conta que nos 35 anos durante os quais foi diretor atuou em apenas três escolas diferentes. O estudo foi realizado com base nos questionários do Saresp respondidos pelos profissionais. A rede tem cerca de 5 mil diretores. A associação entre permanência dos diretores e bons resultados dos estudantes havia surgido no estudo Aprova Brasil, divulgado pelo Ministério da Educação e pelo Unicef. O trabalho mostrou que nas escolas com melhores práticas do País os diretores estavam no cargo há pelo menos cinco anos. Outra pesquisa, do economista da USP e do Ibmec São Paulo Naércio Meneses, com dados das avaliações nacionais, confirmava essa relação.

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