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Paraguai decreta estado de emergência contra febre amarela

Governo reage a avanço da doença em locais próximos à capital; houve 2 casos em zona urbana transmitido pelo Aedes

Por Emilio Sant'Anna e Com Efe
Atualização:

O governo do Paraguai declarou ontem estado de emergência nacional por 90 dias para evitar uma epidemia de febre amarela. A medida foi tomada ante a falta de vacinas e o registro de novos casos da doença em municípios próximos à capital, Assunção. O decreto, assinado pelo presidente Nicanor Duarte, permitirá o gasto excepcional de recursos para que o Ministério da Saúde intensifique as tarefas de prevenção. As autoridades sanitárias confirmaram ontem que a febre amarela chegou à localidade de Luque - onde fica o Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi. O ministro da Saúde do Paraguai, Óscar Martinez, afirmou ao Estado que, dos cinco casos já confirmados, dois foram contraídos em zonas urbanas, transmitidos pelo mosquito Aedes aegypti, o que torna o nível de alerta ainda maior. Até então, existia apenas a confirmação da febre amarela silvestre, transmitida pelos mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes. "Temos dois focos. No primeiro - na zona rural - estamos seguros de que se trata do Haemagogus", disse Martinez. "Na zona urbana existem casos de Aedes, mas também temos encontrado o Haemagogus." Na semana passada, um jovem do município de San Lorenzo, a apenas 20 quilômetros de Assunção, morreu provavelmente por febre amarela. Ali, dois casos suspeitos são avaliados pelos serviços de saúde. Ontem foram notificados dois casos com sintomas de febre amarela no município de J. Augusto Zaldivar, 30 quilômetros ao sul da capital. Havia 34 anos que não eram registradas ocorrências da doença no país. A primeira morte por febre amarela desde 1904 ocorreu no dia 1º, na Província de São Pedro de Ycuamnadiyú, a mais de 300 km de Assunção. O Ministério da Saúde brasileiro anunciou ontem o envio de 850 mil doses de vacina contra a febre amarela para o Paraguai. O lote deve chegar hoje ao país. Anteontem, o governo brasileiro já havia enviado outras 50 mil doses. O Paraguai está quase sem reservas de vacina contra a doença, porque lá ainda é grande a procura por imunização nos postos de saúde. "Temos uma população de 300 mil pessoas na área central do país e com essa medida do governo brasileiro estamos muito agradecidos", afirmou o ministro da Saúde paraguaio. Neste fim de semana, o Peru deve também enviar 144 mil doses de um total de 200 mil prometidas. Técnicos da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) desembarcam para avaliar a situação no país. A Opas prometeu enviar 600 mil vacinas, mas só em março. O Brasil, maior produtor mundial da vacina, havia interrompido desde o fim do ano passado as exportações do produto. A medida foi adotada depois da constatação do aumento de mortes de macacos em matas da região Centro-Oeste do País - forte indicador de risco de aumento de febre amarela.

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