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Países da Europa devem manter voos para o México

Por Andrei Netto e PARIS
Atualização:

Os 27 ministros da Saúde da União Europeia, reunidos ontem em Luxemburgo, decidiram manter os voos para o México, mesmo com o aumento do nível de alerta da OMS. A proposta de romper a ligação aérea com as principais cidades mexicanas havia sido apresentada pela França, mas foi alvo de divergências. "Alguns países julgaram que a medida não deve ser implementada ainda", afirmou a ministra da Saúde francesa, Roselyne Bachelot. O governo alemão chegou a propor a inclusão de médicos entre a tripulação dos aviões, a exemplo do que já vem fazendo a companhia aérea Lufthansa. Entre os países contrários à proposta francesa estava a Espanha, a mais afetada dentre as nações europeias, com 13 casos de contágio pelo vírus H1N1 registrados até a noite de ontem. "É preciso esperar mais e acompanhar a evolução do quadro antes de adotar medidas tão drásticas", justificou Trinidade Jinémez, ministra espanhola. Nem mesmo um conselho oficial aos viajantes foi adotado pela Comissão Europeia. Na segunda-feira, a comissária de Saúde, Androulla Vassiliou, chegou a sugerir que turistas e homens de negócios adiassem viagens ao México. Mas no dia seguinte Androulla voltou atrás e afirmou que a comissão não teria posição definida até a reunião de ontem. Em Luxemburgo, ela manteve a neutralidade. Embora a OMS tenha elevado o nível de alerta para 5, indicando pandemia iminente, na terça-feira o porta-voz Gregory Hartl afirmou que é "tarde demais" para impedir a disseminação da gripe e que a interrupção dos voos seria inútil. Os ministros europeus também decidiram não acatar a proposta italiana que previa a criação de um estoque comum de medicamentos antivirais que se mostraram capazes de reduzir o risco de morte de pacientes infectados pelo H1N1. TURISMO No México, aeroportos, praias e quartos de hotéis estão vazios: é o turismo mexicano na era da gripe suína. "Terrível, terrível. Estamos apenas com 20% de ocupação quando deveríamos estar com 90%", disse Mónica Roberts, diretora de operações da rede de hotéis mexicana Real Resorts. O turismo é a maior fonte de renda do México depois do petróleo e das remessas feitas por mexicanos no exterior, mas o medo da gripe golpeou o setor. Associações comerciais mexicanas calculam que o país perdeu mais de US$ 1 bilhão desde o início da epidemia. Empresas aéreas e navios de cruzeiro limitaram as passagens para o México. Na terça-feira, Argentina e Cuba decidiram suspender os voos para esse país. A Carnival Cruise Line cancelou suas escalas por lá. A Associação de Hotéis e Motéis do México informou que pelo menos 100 mil empregados do setor poderão perder seu emprego nos próximos dias se persistirem as restrições. Roberts, que trabalha na Royal em Cancún, disse que a empresa está discutindo a concessão de férias coletivas para os empregados, e não descarta demissões. "Em Cancún vivemos do turismo. Se não há turistas, não há trabalho, não há comida, nada. E este é um belo lugar. Paraíso." COM THE WASHINGTON POST

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