País gastará R$ 83 bi com doenças, diz OMS

Entidade discute formas de garantir verba para tratar diabete e câncer

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Por Jamil Chade
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Doenças como diabete, obesidade, câncer e problemas cardíacos custarão ao Brasil quase US$ 50 bilhões (cerca de R$ 83 bilhões) nos próximos dez anos. Ontem, ministros de 191 países abriram a Assembléia Mundial da Saúde, em Genebra, para traçar estratégias sobre como garantir que esses gastos, principalmente para os países emergentes, sejam reduzidos. Os dados da ONU mostram que, pela primeira vez, doenças não-transmissíveis passaram a afetar mais pessoas no mundo e a matar um número maior do que outras como aids, tuberculose ou malária. ''Normalmente associamos países em desenvolvimento com doenças infecciosas. Mas cada vez mais cresce o número de mortes por doenças não-transmissíveis'', diz Ties Boerma, diretor do departamento de Estatística da Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo os dados, a falta de atendimento público em muitos países obriga as pessoas a buscarem alternativas privadas. Para pagar por tratamento, cerca de 100 milhões de pessoas são colocadas na pobreza. A OMS informa que doenças crônicas são hoje responsáveis por 60% de todas as mortes no mundo e problemas como obesidade e diabete não afetam apenas doenças de países ricos. Nos próximos 25 anos, essas doenças vão matar 47 milhões de pessoas por ano, com altos custos para as economias. O cálculo da OMS é feito com base na redução na capacidade produtiva das populações, além dos custos médicos para os sistemas de saúde que a explosão dessas doenças pode representar. Só na China, o custo poderá chegar a US$ 558 bilhões (aproximadamente R$ 920 bilhões) em dez anos. Além disso, os países emergentes terão um custo bem superior ao dos países ricos para tratar desses problemas. Na Inglaterra, por exemplo, os gastos não devem passar de US$ 33 bilhões. Para tentar reverter a tendência, uma das estratégias da OMS é a de convencer o setor privado a também se envolver e estimular padrões de vida mais saudáveis. A idéia é que empresas, principalmente as multinacionais, adotem práticas para garantir boa saúde entre seus funcionários. Na avaliação da OMS, o cigarro é, por exemplo, um dos principais responsáveis por problemas cardíacos.

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