Pacientes não conseguem fazer exames no HC

Na porta, funcionários do hospital em São Paulo avisavam sobre a suspensão das análises, sem arriscar previsão de volta à normalidade

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Por Fabiane Leite
Atualização:

Pacientes que tentaram ontem realizar alguns exames de fezes e urina no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP foram surpreendidos pela informação de que as análises estavam suspensas. O hospital adiou pelo menos 700 exames em razão de refrigeração inadequada na área de laboratórios de parasitologia e microbiologia e também de contaminação neste último. As altas temperaturas prejudicaram os trabalhos e causaram a proliferação de microrganismos em insumos, equipamentos de esterilização e áreas do setor de microbiologia, informou o diretor da divisão de Laboratórios, Marcelo Burattini, na quarta-feira. A falta de ar-condicionado, cortado após incêndio no Prédio dos Ambulatórios em dezembro do ano passado, foi a causa dos problemas na refrigeração. Entre 8h15 e 8h40 de ontem, a reportagem verificou que pelo menos três pacientes que foram ao setor de laboratórios do HC não tinham sido avisados sobre a ausência de coleta de exames como cultura de urina e exame de fezes. A notícia era dada por três funcionários.Eles não sabiam dar previsão sobre o retorno das análises. A aposentada Maria Fernanda Bianchi, de 78 anos, foi avisada já na porta que não seria possível fazer a urocultura, que permite verificar o tipo de infecção. "Eles disseram que não têm previsão. Eu estou com sangue na urina, febre, dor nas costas e mal-estar. Isso é muito ruim. Coitadas das pessoas que vêm de longe, eu pelo menos moro perto", afirmou Maria Fernanda, que costuma trabalhar com limpeza doméstica para completar o orçamento. A aposentada conseguiu deixar a amostra para outro exame. Também uma funcionária do HC que queria fazer exame de urina foi surpreendida pela suspensão, mas ela não quis se identificar. Claudinei Vieri, de 36 anos, pretendia fazer exame de fezes, um pedido de seu emprego. "É só para a saúde ocupacional, acho que não vou fazer mesmo", disse. Burattini disse ontem que só poderia dar entrevistas se autorizado pela assessoria de imprensa do hospital, o que não ocorreu. Em nota divulgada anteontem, o HC prometeu a normalização dos serviços até terça e negou contaminação na área de microbiologia. Informe do HC, no entanto, atestou que havia "condições inadequadas de biossegurança" no laboratório. "A biossegurança indica que há um cuidado para que os trabalhadores não se contaminem e que o local não é um foco de contaminação. Se não há essas condições, não há segurança", afirma o professor Tomaz Langenbach, do Instituto de Microbiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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