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Paciente teve infecção após aplicação malfeita

Para médico, uso indiscriminado do PMMA é epidemia

Por Fabiana Cimieri
Atualização:

O médico e integrante da Câmara Técnica de Cirurgia Plástica do Conselho Federal de Medicina (CFM) Carlos Alberto Jaimovich chama de "epidemia" o uso do polimetilmetacrilato (PMMA) em procedimentos estéticos. "O PMMA se tornou uma verdadeira epidemia que tem sido aplicada de maneira indiscriminada." Segundo ele, "o resultado imediato, na maioria das vezes, é fascinante, mas, em um porcentual pequeno, o resultado inicial não tem solução". "O que estamos vendo agora é que ao longo do tempo observamos o endurecimento da região, migração e processo inflamatório cíclico incurável", diz o médico. O problema é que, após o uso, as moléculas do PMMA formam pequenas gotículas que são absorvidas pelo tecido. É o que garante o caráter permanente, embora estudos recentes mostrem que pode haver migração para outros locais do corpo. Para controlar os casos de inflamação, os pacientes são obrigados a tomar antibióticos e corticoides. INFECÇÃO Uma mulher de 45 anos, atendida no Hospital Universitário Pedro Ernesto, fez uma bioplastia com PMMA há um ano, injetando a substância nas "maçãs" do rosto para adquirir um ar mais jovial. Um mês depois, teve uma infecção no local, que vai e volta, sem desaparecer por completo. O tratamento requer o uso contínuo de corticoide e massagens. Além disso, ela está com vermelhidão e secreção no olho esquerdo. "Pode ser que ela tenha que passar por uma cirurgia para tentar retirar o PMMA, mas é difícil porque ele adere nos tecidos", explicou o cirurgião plástico Claudio Cardoso de Castro, que acompanha pacientes com problemas após o uso do PMMA. Jaimovich, que também acompanha casos de pacientes que sofrem com as complicações da bioplastia, diz que em alguns casos é necessário cirurgia. "Tenho casos de pacientes em que estamos tentando reconstruir nariz e pedaços da face." O caso mais grave, segundo Jaimovich, é o de uma jovem que passa há cinco anos por sucessivas cirurgias. Ela passou por um procedimento estético e injetou 5 mililitros de PMMA nos vincos entre os lábios e as bochechas. O profissional responsável pela aplicação injetou a substância dentro de uma artéria, que obstruiu, causando uma necrose. Ela perdeu toda a pele e gordura do lado esquerdo da bochecha e do lado esquerdo do nariz. "Não aceito muito bem que médicos façam isso, mas a maioria nem é da área médica. Às vezes são cabeleireiros e esteticistas. Em nome do embelezamento está se pagando um preço alto demais", afirma Jaimovich.

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