Os docentes da rede estadual pedem respeito

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Por Maria Izabel A. Noronha
Atualização:

Diante da liminar obtida pela Apeoesp anulando os resultados da chamada "provinha dos ACTs" para a atribuição de aula, a secretária estadual da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro, vem divulgando resultados parciais da prova, com o claro objetivo de macular a imagem da categoria, na qual há mais de 100 mil professores contratados de forma precária e que, ainda assim, dedicam o melhor de si para garantir a qualidade nas escolas. Impedida de utilizar as notas das provas como mais um critério de classificação para manter os professores na situação de temporários, a secretária passou a divulgar que, supostamente, 1.500 professores teriam obtido nota zero na provinha. Entretanto, os candidatos e a sociedade têm o direito de conhecer as notas de todos os mais de 214 mil participantes da provinha. Por que a secretária não faz publicar a lista completa? Será porque não há confiabilidade nos resultados, tendo em vista o grande número de denúncias de notas incorretas anteriormente divulgadas? Será o receio de que venham à tona os mais de 30 mil casos de professores que apareceram como "ausentes" em uma lista e, depois, com notas inverídicas em outra, ambas oriundas da secretaria? Na verdade, a secretária desconhece a rede que tem a responsabilidade de gerir. Encastelada em seu gabinete, criou uma prova que nada avalia da capacidade profissional do professor, aferindo só a capacidade de apreender o conteúdo dos guias curriculares que foram impostos pelo governo, retirando do professor a autonomia para elaborar o projeto político-pedagógico da escola, contendo diretriz, objetivo e meta. Apesar de todas as debilidades estruturais e da desvalorização resultante de anos de gestões descomprometidas com a educação, a capacidade profissional dos professores da rede estadual se expressa, por exemplo, em casos como o do aluno Gerson Tavares de Souza, oriundo de escola pública estadual, tetracampeão da Olimpíada Brasileira de Matemática, aprovado no vestibular de Engenharia Elétrica da USP. Para a secretária, nada disso tem valor. Não nos opomos à avaliação dos professores, mas a forma correta e justa de avaliar nossa capacidade de ensinar é o concurso público de provas e títulos. Entretanto, a secretária se recusa a realizá-los. A luta pela valorização social da profissão vai prosseguir. Não tememos o debate e queremos realizá-lo não apenas nos meios acadêmicos e no interior da própria rede. Queremos ampliá-lo para todas as esferas sociais, pois a qualidade da educação é assunto que diz respeito a toda a sociedade. Lançamos um desafio à secretária: dê-nos autonomia, carreira e condições de trabalho e, em pouco tempo, mostraremos o que somos capazes de fazer pela escola pública. * É presidente da Apeoesp

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