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ONG denuncia abuso sexual no ambiente escolar

Por Clarissa Thomé
Atualização:

Todos os dias, um milhão de crianças sofrem algum tipo de violência nas escolas, em todo o mundo. O levantamento, feito pela organização não-governamental Plan com base em estudos em 66 países, entre os quais o Brasil, motivou a entidade a lançar a campanha Aprender Sem Medo. A intenção é erradicar das escolas violência sexual, castigos físicos e bullying - agressões entre alunos. No País, a ONG vai trabalhar em escolas do Maranhão e Pernambuco. "Tudo o que acontece na escola é parte da educação de uma criança. E o abuso sexual, os castigos acabam se tornando parte do aprendizado dos nossos alunos. Não podemos deixar que sejam educados para a violência", defendeu Bell?Aube Houinato, da Plan International. Ela esteve no Brasil para participar do 3º Congresso Mundial de Enfrentamento da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes - falou sobre o abuso sexual de estudantes em troca de boas notas e comércio sexual infantil para a compra de material escolar e pagamento de mensalidades na África. O relatório internacional da campanha Aprender sem Medo cita pesquisa com adolescentes equatorianas vítimas de violência sexual: 36,9% apontavam ter sido agredidas por um professor. O Centro de Proteção Infantil e da Família, na Tailândia, informou que a cada semana um professor é acusado de abusar de estudantes. No Brasil não há dados oficiais sobre abuso sexual nas escolas. Mas a entidade, que tem 50 projetos no País e atende 75 mil crianças, já começa a recolher relatos. Um deles ocorreu em Camaragipe (PE). A mãe de uma estudante de 17 anos contou que a filha saiu para participar de um passeio com a escola. Como anoiteceu e a menina não voltava, ela procurou o colégio e descobriu que não havia passeio nenhum marcado pela instituição. "Um professor convidou quatro alunas para ir a Águas Finas, uma piscina coletiva em Camaragipe. A jovem voltou tarde, com roupa diferente da que usava quando saiu e se recusou a contar o que havia ocorrido", contou Irismar Santana, assessora nacional de Direitos da Plan Brasil. A mãe da jovem limitou-se a tirar a filha da escola. "As pessoas não sabem como agir e a violência sexual está em todos os espaços. Queremos trabalhar com as crianças para que elas possam reconhecer sinais do abuso, que não começa necessariamente com a coerção, mas com favores e benefícios", disse Irismar. No Brasil, a ênfase da campanha será a violência entre alunos, conhecida como bullying. "Queremos criar uma cultura de paz, para que as crianças possam discutir o tema de forma lúdica." Durante a campanha, que depende de parcerias entre a instituição e as secretarias de Educação, a Plan fará um levantamento sobre a violência nas escolas brasileiras.

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