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Onde foi o seu réveillon?

Quando alguém pergunta ‘onde você passou o réveillon?’ , será que ele quer realmente saber o lugar ou quer apenas que você responda... ‘e você?’

Por Felipe Machado e do Jornal da Tarde
Atualização:

Voltar ao trabalho depois do réveillon me dá a mesma sensação que eu tinha quando voltava às aulas depois das férias: todo mundo está meio diferente. Meus amigos estão mais animados, mais bronzeados, com outros penteados. E com roupas novas, provavelmente aquelas que há poucos dias eram apenas presentes no pé da árvore de Natal. Nessa época, todo mundo me pergunta onde passei o réveillon. Eu me pergunto outra coisa: as pessoas desejam realmente saber onde eu estava ou querem apenas que eu pergunte de volta... ‘e você?’ Às vezes, a curiosidade é um ego vazio à espera de uma resposta para preenchê-lo. Não é mau humor: as palavras ‘onde’ e ‘réveillon’ na mesma frase me dão calafrios quando o fim de ano vai chegando: é sempre um caos. Parece que há no ar a obrigação de se passar o réveillon em algum lugar, como se São Paulo não fosse algum lugar. São Paulo é um lugar, mesmo não sendo para mim. Acho que o maior evento da maior cidade do País, com um público tão grande quanto o do réveillon do Rio, merece shows um pouco melhores que os de MC Leozinho e Lulu Santos - até porque todo mundo sabe que Lulu odeia São Paulo. Passei o réveillon na praia, com família, amigos e... vizinhos-malas, gente que não conheço mas que com certeza deveria ser proibida de ouvir música muito alto. Que ironia: sempre fui o cara de quem todo mundo reclamava. Ano novo, mundo novo. Só faltou uma coisa: Bill Gates e Steve Jobs se reunirem para inventar o teletransporter. Lembra? Era a máquina de Jornada das Estrelas onde a pessoa entrava numa cabine e aparecia em outro lugar. Seria uma boa solução para quem não gosta muito de passar 14 horas na estrada. Uma estrada deveria ser apenas um caminho para se chegar a algum lugar. Mesmo que esse lugar seja São Paulo. O réveillon foi há apenas alguns dias, mas parece que já se passou uma eternidade. É um paradoxo do tempo: enquanto tenho a impressão de que 2007 inteiro passou voando, os primeiros dias de 2008 já parecem ter passado há muito mais tempo. Será que é só a minha impressão? Ano que vem a gente vê.

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