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Nutricionista tem dedos amputados após infecção

Ela teve pneumonia e quadro pode ter sido agravado por diabete; bactéria é diferente da que atingiu modelo

Por Luiz Carlos Silva
Atualização:

A nutricionista Aline Winkler Borges, de 23 anos, teve os dedos dos pés e as pontas dos dedos das mãos amputados após uma grave infecção, com origem em uma pneumonia. Segundo informações do Hospital Felício Rocho, em Belo Horizonte (MG), onde Aline está internada, ela tem diabete, o que pode ter agravado o seu caso. De acordo com a infectologista do hospital, Maria Eugênia Didier, Aline apresenta um quadro considerado estável. "A paciente, que é diabética, chegou ao hospital com um estado bem delicado onde foi constatada a bactéria Legionella spp, comum em pneumonias. Ela recebeu altas doses de medicamentos vasoconstritores para manter a pressão sanguínea em níveis aceitáveis", explicou. Ainda segundo a médica, a amputação de parte dos membros não se deve exclusivamente ao fato de a paciente ter ficado em coma induzido. "Ela já chegou ao hospital com uma inflamação muito importante. E com o agravamento inflamatório no quadro séptico, como a coagulação intravascular disseminada, foi necessária a realização da amputação", finalizou. A assessoria do hospital informou que ela não tem previsão de alta. A bactéria detectada na nutricionista é diferente do caso da modelo capixaba Mariana Bridi, de 20 anos, que morreu no final de semana. Mariana teve mãos e pés amputados em decorrência de infecção urinária que evoluiu para sepse (inflamação generalizada no organismo gerada por uma infecção). A modelo foi contaminada pelas bactérias Staphylococcus e Pseudomonas. DESPREPARO O último relatório do Instituto Latino-Americano de Sepse (Ilas), que avalia a capacidade dos médicos reconheceram a doença, revela que a enfermidade é diagnosticada corretamente por apenas 27% dos médicos brasileiros. O estudo, realizado em 2005, em 37 países, aponta ainda que o Brasil lidera - ao lado da Malásia - o ranking de mortes pela doença, com 250 mil óbitos por ano. A doença, também conhecida como infecção generalizada,é responsável pela morte de 25% dos pacientes em leitos de UTIs no Brasil. O relatório aponta ainda que a taxa de diagnósticos equivocados no Brasil é maior nos hospitais da rede pública, onde o doente com sepse também demora mais a ser atendido - em média 24 horas contra seis de espera na rede particular. COLABOROU GUSTAVO URIBE, DA AGÊNCIA ESTADO SAIBA MAIS A sepse é uma inflamação generalizada que ocorre como resposta a uma agressão infecciosa no organismo - mas às vezes essa reposta é tão intensa que provoca outros problemas. Infecções como urinária, pneumonia ou mesmo uma infecção na garganta podem evoluir para a sepse Uma das consequências da sepse pode ser a isquemia (falta de suprimento sanguíneo para um tecido orgânico) ou distúrbios da coagulação, que provocam hemorragias ou trombose fulminante em pequenos vasos Pacientes com doenças imunossupressoras ou câncer, crianças com menos de 1 ano, idosos e pessoas com predisposição genética podem sofrer de sepse com distúrbio de coagulação grave

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