O número de doadores de órgãos e tecidos no País cresceu 15% no último ano, segundo dados divulgados ontem pela Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO). Mas, como houve queda nos anos de 2005, 2006 e na primeira metade de 2007, o avanço simplesmente recoloca o Brasil no patamar de 2004. Naquele ano, foram registrados 1.232 doadores efetivos, com índice de 7,3 por milhão da população (ppm). Em 2007, o número foi de 1.150 (6,2 ppm) e, em 2008, 1.317 (7,2 ppm). "Houve um apagão nos transplantes em 2005 e 2006", diz o presidente da ABTO, Valter Duro Garcia. "Foi um desestímulo geral. Os vários envolvidos no sistema não se empenharam como deveriam, tanto o Ministério da Saúde como as centrais estaduais e as equipes de transplantes. Até nós da ABTO poderíamos ter feito mais." A recuperação começou no segundo semestre de 2007, conta Garcia, graças à realização de campanhas pelo governo federal e ao trabalho de capacitação de profissionais da saúde pelas centrais de diversos Estados. "O efeito Eloá também teve um impacto significativo em 2008", afirma Garcia referindo-se ao caso da adolescente morta pelo ex-namorado em outubro do ano passado. A média de doações mensais depois que a família de Eloá decidiu doar os órgãos da menina aumentou 51% no País. Em relação ao número de transplantes de órgãos realizados em 2008, a ABTO divulgou dados diferentes daqueles apresentados anteontem pelo Ministério da Saúde. Segundo o governo federal, foram feitas 3.154 cirurgias de rim, 1.110 de fígado, 205 de coração, 43 de pâncreas e 53 de pulmão. Para ABTO foram, respectivamente, 3.780, 1.174, 200, 166 e 53. Garcia diz que a discrepância é explicada pelo uso de metodologia de contagem e fontes diferentes. "O Ministério usa dados das centrais estaduais e nós pegamos os números com as equipes de transplantes. Isso nos dá dados mais precisos em relação ao número de doadores vivos."