Novo Enem faz colégio modificar currículo e contratar consultoria

Desempenho na avaliação de 2008 também pesou na decisão; outras escolas aumentaram nº de simulados

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Por Fabio Mazzitelli , Lais Cattassini e JORNAL DA TARD
Atualização:

O novo formato do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que será aplicado a partir deste ano, e o desempenho na prova de 2008 levaram escolas particulares de São Paulo a mudar a proposta pedagógica e até a contratar consultoria para tentar ampliar o número de alunos com notas altas na avaliação. Há casos de colégios que aumentaram o número de simulados.   Veja também: Prova exige mais raciocínio Justiça manda reabrir inscrições; MEC recorre Escola deve funcionar de acordo com o cliente Aluno tem de ser preparado para a vida No Visconde de Porto Seguro, escola tradicional da capital, com mensalidade em torno de R$ 1.500, o resultado ruim do Enem no ano passado - as unidades Morumbi e Panamby ficaram em 130º e 134º lugares, respectivamente - gerou mudanças. Para nortear a reestruturação, foi contratada uma consultoria - a direção do colégio não revelou o nome da empresa. "Houve uma cobrança maior. Alguns pais ficaram inseguros. Agora, temos diagnósticos a curto, médio e longo prazo", afirma Cláudia Xavier da Costa Souza, coordenadora do centro pedagógico da unidade Morumbi do Porto Seguro. Em todas as unidades do colégio que oferecem o ensino médio, a consultoria preparou para o ensino médio um simulado semelhante ao modelo do novo Enem, com mais de cem questões divididas nas áreas do exame - linguagens e códigos, ciências da natureza, ciências humanas e matemática. Com o resultado, técnicos orientam os professores e organizam capacitação para reavaliar o ensino. O Porto Seguro também passou a listar em um mural as médias escolares de alunos do último ano do ensino médio para um ranking dos melhores. "É bom porque a gente vê se está no caminho certo ou precisa estudar mais", diz Ricardo Prandini da Costa Reis, de 17 anos. No colégio Santa Maria, na zona sul da capital, a ideia era conseguir uma adequação rápida. Por isso, o currículo passou a ser orientado por competências, priorizando a interdisciplinaridade e estimulando a criatividade. Em 2010, a escola planeja tornar obrigatórias oficinas de dança e artes, hoje optativas."Não há mais conteúdos divididos. São avaliadas habilidades. Não queremos um aluno que decore fórmulas e datas e não entenda o tema", diz Silvio Freire, orientador da escola. Para especialistas, o melhor seria esperar a primeira edição do novo Enem, marcada para 3 e 4 de outubro, para fazer mudança. "Se há uma novidade, é claro que surgirão serviços novos", diz Francisco Soares, professor da Universidade Federal de Minas e consultor educacional. Ao lançar a nova proposta do Enem, o MEC afirmou que uma das metas era levar escolas a rever o currículo do ensino médio. "É bom repensar o currículo para inseri-lo no mundo moderno. Mas, se essa mudança for só para o Enem, é precipitado", diz Maria Inês Fini, que participou da equipe que criou o exame no fim de 1990. Mesmo colégios que ficaram em boas colocações em 2008 preparam mudanças. O Santo Américo (21ª posição) distribuiu apostilas com exemplos de questões. "A novidade cria uma certa ansiedade. Foi importante esclarecer o que mudou", diz Miguel Augusto Arruda, coordenador do ensino médio. Português ganhou mais destaque. Serão seis aulas para exercitar a interpretação e elaboração de textos, enquanto as outras disciplinas têm quatro. No Vera Cruz (39º no ranking de SP), o currículo foi revisto para integrar conteúdos. A escolas Miguel de Cervantes, Mackenzie, Rio Branco, Pueri Domus e Sion estão aplicando testes semelhantes ao do Enem para treinar os alunos.

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