No trabalho

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Por Redação
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Assédio moral nas empresas também é conhecido por bullying, termo que não se restringe a ambientes escolares. Roberto Heloani está envolvido até o pescoço com esse tema, não como vítima, muito menos como algoz. Ele é um dos criadores de uma organização, cujo site é www.assédio moral.org, que divulga o problema e orienta a população, que anda cada vez mais vulnerável a esse tipo de agressão. Desde que entrou no ar, em 2001, mais de 600 mil emails foram enviados. Neste mês, chega às livrarias o novo título de Heloani, também professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Fundação Getúlio Vargas, e especialista em psicologia do trabalho. "Esse problema (bullying) infelizmente não poupa ninguém e está disseminado tanto entre as crianças nas escolas, como nas empresas, entre os adultos", avalia o pesquisador. "Na vida profissional, ocorre mais freqüentemente com mulheres. Calcula-se que 63% das trabalhadoras sejam vítimas de bullying ou assédio moral no trabalho. Dessas, as negras são as que mais sofrem com abusos." Existem vários motivos para explicar as agressões contra mulheres, que ocorrem, principalmente, com as que têm mais de 35 anos e são mães. De acordo com Heloani, nessa fase da vida as mulheres estão em plena ascensão profissional e quem está num posto de chefia sente-se ameaçado. Com a competição acirrada de hoje em dia, humilhar, entre outras atitudes típicas de bullying, é uma maneira de enfraquecer a suposta concorrente e, como costuma-se dizer, "colocá-la em seu lugar", tornando-a cada vez mais passiva e submissa. Por ser mãe e depender do trabalho para sustentar o filho, a mulher fica mais presa ao emprego e acaba se submetendo ao assédio moral. "O bullying é devastador para o rendimento do funcionário e para o bolso da empresa", afirma o professor. "E não é só isso. O assédio moral atinge a família também, pois o assediado vive oscilações de humor, com tendência a depressão, irritação, entre outras doenças. E os filhos encontram o pai ou a mãe num estado emocional lamentável." É comum notar, por exemplo, doenças em homens e mulheres que sofrem bullying, tais como: cefaléias constantes, alterações hormonais sérias, taquicardia, síndrome do pânico, alteração do sono e depressão. "O assédio moral gera prejuízos às organizações e à sociedade, já que surgem mais afastamentos e, conseqüentemente, há necessidade de auxílio saúde, aumentam os pedidos de aposentadoria precoce, e por aí vai. Todo mundo paga essa conta alta: a família, a empresa e a sociedade."

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