No Rio, casos saltam a 57 mil

Posto terá de abrir 24 h; Exército apura morte de aspirante

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Por Talita Figueiredo , Clarissa Thomé e Pedro Dantas
Atualização:

O número de notificações de dengue no Estado do Rio subiu de 43.523 para 57.010 na última semana. Apenas no município, entre terça-feira e ontem, foram mais 2.363 notificações. O número de mortes se manteve em 67 desde segunda-feira - outros 58 óbitos por suspeita da doença aguardam confirmação. A juíza Regina Coeli Medeiros de Carvalho, da 18ª Vara Cível Federal, determinou ontem à noite que a prefeitura mantenha abertos por 24 horas os postos de saúde e Postos de Assistência Médica (PAM) enquanto durar a epidemia de dengue. Caso a ordem não seja cumprida, o secretário municipal de Saúde, Jacob Kligermann, deverá pagar ''multa pessoal'' de R$ 10 mil. A prefeitura do Rio informou ontem que vai contratar 900 profissionais, entre médicos e enfermeiros, e abrir postos de saúde nos finais de semana. O aumento da força de trabalho poderá ser feito por extensão de carga horária ou por novas contratações. Segundo o secretário, a prefeitura vai pagar R$ 2.500 mensais por quatro plantões de 24 horas. Cerca de 40% das vagas foram preenchidas. O município terá, a partir de hoje, mais 58 leitos para tratamento de pacientes e 30 postos de hidratação no Hospital de Acari, na zona norte. Pronto desde 2004, o hospital só começa hoje a funcionar e, mesmo assim, parcialmente. Segundo a prefeitura, a partir de segunda-feira serão distribuídos também repelentes para as vítimas da dengue, além de biscoitos e água nas filas dos hospitais. Hoje, o Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde deverá informar quantos pediatras os Estados vão enviar ao Rio. São necessários 154 médicos para abrir outras três tendas de hidratação. Ontem, a secretaria abriu concurso para contratar pediatras por R$ 3 mil mensais. O drama da falta de leitos prejudica o atendimento nos hospitais de campanha das Forças Armadas. Montados para desafogar a rede pública, as unidades acabam abrigando por dias os pacientes em macas e poltronas. ''Aqui ela só vai ao banheiro. Não tem como tomar banho e recebe apenas soro'', disse o militar Eliandro Ferreira do Vale, de 28 anos, cuja esposa, a gráfica Catiana Teixeira de Vasconcelos, de 26, está há dois dias no hospital de campanha da Marinha. O Comando Militar do Leste abriu sindicância para apurar denúncia de que um aspirante a oficial morreu de dengue hemorrágica depois de ter o atendimento negado no Hospital Central do Exército. Daniel Lins Fernandes Alves, de 27 anos, estava doente havia seis dias, mas não foi atendido no HCE porque não tinha o documento de identificação militar. ''Meu primo foi vítima de uma série de descasos. Ele passou por dois hospitais particulares até conseguir internação, mas já era tarde'', disse Sabrina Gouveia. Alves morreu na noite de terça-feira. De acordo com Sabrina, o atestado de óbito aponta como causa da morte dengue hemorrágica e choque hipovolêmico.

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