Nave parte para dar sobrevida ao Hubble

Ônibus Atlantis segue em missão arriscada para consertar telescópio

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Por AP e EFE
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O ônibus espacial Atlantis partiu ontem do Cabo Canaveral, nos Estados Unidos, para a quinta e última viagem até o Telescópio Espacial Hubble. A missão, considerada de risco, visa a consertar o equipamento, a 560 quilômetros do solo. Acompanhe a missão e veja galeria de imagens do Hubble A nave decolou ontem à tarde. Numa plataforma próxima, o ônibus Endeavour está pronto para ser lançado rapidamente, caso uma missão de resgate dos sete astronautas a bordo do Atlantis seja necessária. Orçada em US$ 1 bilhão, a missão está sete meses atrasada - quando a Nasa chegava aos preparativos finais, no ano passado, um equipamento crucial do Hubble parou de funcionar, e as fotos que o tornaram mundialmente conhecido deixaram de ser feitas. Os cientistas demoraram meses para finalizar o novo equipamento. O trabalho durará uma semana, será dividido em duas equipes e realizado em cinco caminhadas espaciais. O conserto é altamente complexo - o manual a ser consultado pelos astronautas tem 550 páginas. Os astronautas substituirão baterias e giroscópios, colocarão novos escudos térmicos e instalarão dois instrumentos científicos, numa operação nunca feita no espaço. Para isso, a Nasa recrutou veteranos de Hubble: John Grunsfeld, em sua terceira missão ao telescópio, e Michael Massimino, em sua segunda missão. Para piorar o cenário, o trabalho será feito em uma altitude cheia de lixo espacial, que pode atingir o ônibus e comprometer sua volta. Desde quando o ônibus espacial Columbia se desintegrou na atmosfera terrestre, em 2003, toda missão é cercada por cuidados redobrados. O conserto do Hubble havia sido cancelado por causa do alto risco envolvido e só foi retomado após uma campanha pública. O exterior do Atlantis passa hoje por uma análise detalhada, em busca de qualquer dano decorrente do lançamento (o acidente do Columbia aconteceu devido a avarias no isolante térmico da nave, provocadas na saída da Terra). Ontem, a Nasa disse que a primeira análise da nave não indicava problemas. Caso o Atlantis não possa voltar, os astronautas terão de esperar pelo resgate estacionados perto do Hubble, com apenas 25 dias de ar. Eles não poderão se refugiar na Estação Espacial Internacional (ISS) porque ela cumpre uma órbita diferente. O Endeavour pode ser lançado em uma semana. VIDA LONGA O Hubble consumiu, em 19 anos, cerca de US$ 10 bilhões. Já completou mais de 97 mil órbitas e forneceu para astrônomos dados sem igual, impossíveis de serem obtidos por telescópios na Terra. As informações permitiram aos cientistas, por exemplo, calcular a idade do universo em 13,7 bilhões de anos, determinar que o processo de formação de planetas é relativamente comum e detectar moléculas orgânicas na atmosfera de um planeta fora do sistema solar. Com a recauchutagem, a Nasa espera que o Hubble funcione por mais cinco a dez anos - e melhor do que nunca. As novas câmeras são mais potentes do que as antigas e permitirão aos cientistas observarem cantos inexplorados do universo. Ontem, o chefe da missão científica, Ed Weiler, abraçou o principal projetista, David Leckrone. "É uma sensação dúbia. Sei que essa (missão de reparo) é a última. Por outro lado, sei que o Hubble estará em sua melhor forma depois que os astronautas fizerem seu trabalho", disse Weiler. GRANDIOSIDADE 18 anos é o tempo de atividade do Telescópio Espacial Hubble 96 minutos é o tempo que o Hubble leva para orbitar a Terra, o que ele fez mais de 97 mil vezes 4.000 observações já foram feitas pelos cientistas com a ajuda do Hubble

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