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Mutilado, símbolo dos males do fumo perdeu ação

Por Emilio Sant'Anna
Atualização:

Conhecido por ter sua imagem estampada no verso dos maços de cigarro vendidos no País, advertindo sobre os perigos e conseqüências do fumo, o aposentado José Carlos Marques Carneiro, de 61 anos, virou símbolo da luta contra o tabagismo. Fumante desde a adolescência, ele começou a sentir os efeitos de uma tromboangeite obliterante em 1981. A doença era o resultado da obstrução das artérias da perna direita pela ação da nicotina. Em março daquele ano, foi internado e teve de amputar a primeira perna. Dois anos depois, os sintomas reapareceram, do mesmo jeito, dessa vez na perna esquerda. Antes da primeira amputação, João Carlos fumava um maço de Continental por dia. Depois disso, passou a fumar três. Não conseguia largar o vício. A dependência era tão grande que, mesmo internado para amputar a segunda perna, trocava os remédios que recebia no hospital por maços de cigarro. "À noite, quando todos estavam dormindo, ia de muletas até o necrotério onde podia fumar sem que nenhum enfermeiro me visse", conta. Mutilado, resolveu processar a Souza Cruz. Perdeu a causa na Justiça. Assim como em muitos outros casos semelhantes, movidos por vítimas das substâncias químicas do cigarro, não pôde nem mesmo produzir as provas de que o cigarro havia lhe condenado a ficar preso a uma cadeira de rodas. Mesmo com o primeiro processo perdido, ele ainda pensa em processar a empresa novamente. "Se uma marca de leite que dou para o meu filho fizer mal a ele e para outras pessoas o que vai acontecer com a empresa?", pergunta. "Vai ser processada e obrigada a pagar a conta", conclui. "Por que então com essa verdadeira indústria de cadáveres não acontece nada?"

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