MPF vai apurar contaminação em Angra 2

Prefeito questiona forma de divulgar o caso; comissão descarta risco

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Por Felipe Werneck
Atualização:

O Ministério Público Federal em Angra dos Reis (RJ) instaurou ontem inquérito civil para apurar evento não usual ocorrido há 13 dias na Usina de Angra 2 que resultou na contaminação - oficialmente afastada - de quatro funcionários com material radioativo. Os procuradores pediram esclarecimentos à Eletronuclear, à Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), ao Ibama e à Defesa Civil. Segundo a Cnen, a contaminação já foi removida e o problema não trouxe consequência aos funcionários, à população e ao meio ambiente. O prefeito de Angra, Tuca Jordão (PMDB), afirmou que a Cnen omitiu a informação de que quatro pessoas haviam sido contaminadas no primeiro comunicado sobre o fato, feito por telefone, às 17h35 do dia 15, 1 hora e 20 minutos após o problema ter sido constatado. Segundo ele, foi informado apenas que havia ocorrido um "alarme de taxa de atividade alta na chaminé de descarga de gases". Jordão disse que pedirá na reunião do Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro mudança na forma de divulgação feita pela Cnen. Segundo ele, os relatórios são vagos. "O que eu quero é transparência total em relação a qualquer evento. Por que não informaram no mesmo dia que houve contaminação de funcionários? Isso mostra que há uma falha no sistema", disse Jordão, que é favorável à construção de Angra 3. O diretor de Radioproteção e Segurança Nuclear e presidente interino da Cnen, Laércio Vinhas, afirmou que o procedimento foi correto, mas disse não ter objeção a uma eventual mudança na regra de divulgação dos eventos não usuais. Na escala internacional de eventos nucleares da Agência Internacional de Energia Atômica (que vai de 0 a 7), esses eventos são classificados como de nível 1 (anomalia ou desvio operacional). "O evento não usual foi deflagrado por causa do alarme e não da contaminação. Nosso objetivo é transmitir com objetividade o que acontece e evitar uma falsa interpretação." Sobre a divulgação com atraso, a responsabilidade é da Eletronuclear, que informou não ser "o procedimento divulgar todos os eventos não usuais" para evitar alarme desnecessário. Disse que, nos últimos anos, foram em média dois casos semelhantes de contaminação de funcionários por mês e que o procedimento usual para descontaminação é a limpeza do corpo com água e sabão.

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