Mortes por gripe sobem de 29 para 42 no México

Aumento é registrado após novos resultados de testes laboratoriais; população, aos poucos, volta à rotina

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Por Lourival Sant'Anna
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O número de mortes confirmadas pela gripe suína no México deu um salto ontem, de 29 para 42. O aumento não se deve a novas mortes, mas ao avanço dos testes laboratoriais. De acordo com o ministro da Saúde, José Ángel Córdova, do total, apenas duas ocorreram neste mês. O número de pacientes com o diagnóstico confirmado subiu de 866 para 1.112 (mais informações sobre casos na pág. A22). O ministro havia informado anteontem que 37 casos de pessoas que morreram com sintomas da gripe suína aguardavam exame laboratorial. Outros 74 deram negativo e 77 não foram retiradas amostras, de maneira que nunca se saberá se morreram da doença. Segundo Córdova, embora a Organização Mundial da Saúde (OMS) tenha declarado nível 5 de alerta, o governo mexicano implantou o nível 6, o mais alto, quando se observa pandemia (contágio em várias regiões do mundo). Além da diminuição do aparecimento de casos, eles se mostram mais brandos, disse o ministro. Em vez de sete dias de internação, como padrão, tem durado, em média, um dia e meio. Mas o presidente Felipe Calderón fez um apelo para que os mexicanos "ainda não cantem vitória" e advertiu que novos casos surgirão. Um avião fretado pelo governo do México trazendo 138 mexicanos da China pousou ontem no aeroporto da Cidade do México, depois de embarcarem em Pequim, Guangzhou e Hong Kong. Desses, 71 estavam sob quarentena em hospitais e hotéis na China, embora não apresentassem sintomas da gripe suína, segundo as autoridades mexicanas. Havia várias crianças entre os passageiros, que se queixaram de "discriminação" e de terem ficado cinco horas sem receber sequer água. "É injusto que, por termos sido honestos e transparentes com o mundo, alguns países e lugares adotaram medidas repressivas e discriminatórias por ignorância e desinformação", criticou Calderón. Cerca de 70 cidadãos chineses embarcaram anteontem na Cidade do México e outros 30 em Tijuana, na fronteira com os EUA, em avião fretado pelo governo chinês, em direção a Xangai, onde seriam colocados sob quarentena. RETOMADA Desde o anúncio da epidemia pelo governo, no dia 23, boa parte do país mergulhou numa semiparalisia, com as escolas e atividades econômicas não essenciais fechadas por decreto. Não foi como se a Cidade do México, uma das maiores do mundo, ao lado de Tóquio e São Paulo, tivesse caído da cama ontem. Ela foi despertando lentamente, como de um pesadelo, depois de duas semanas de confinamento. O trânsito intensificou-se, mas só deve atingir o caos habitual na segunda-feira, quando recomeçam as aulas no ensino básico e secundário. No horário do rush, às 7 horas, o metrô tinha ontem o movimento de um feriado, ou 40% de um dia de semana, estimou um funcionário. Cerca de metade dos passageiros usava máscaras, distribuídas por agentes de saúde nas estações de metrô. Formavam-se filas e elas acabavam rapidamente. "A sensação é a de estar saindo do cativeiro", disse Adam Lula, de 29 anos, ao chegar à Universidade Nacional Autônoma do México. As universidades reabriram ontem, mas as aulas só recomeçam hoje. "Como estudante de Medicina, senti-me impotente, sem poder ajudar", disse Augusto Trujillo, de 22 anos, que não saía de casa desde o anúncio da epidemia. SAIBA MAIS A transmissão: Ocorre pelo ar ou por contato com secreções de pessoas infectadas, com incubação de três a cinco dias Os sintomas: São os mesmos da gripe sazonal. Entre eles estão febre alta repentina, dor de cabeça, garganta inflamada, tosse, congestão nasal e dores no corpo O que fazer em caso de suspeita de estar com a gripe: Se a pessoa esteve em um dos países em que o vírus está circulando ou teve contato com alguém que viajou para esses locais, deve tomar bastante líquido, fazer repouso e procurar o sistema de saúde Prevenção: Evite contato com pessoas doentes, lave as mãos com frequência, alimente-se bem

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