PUBLICIDADE

Morte por dengue hemorrágica foi recorde em 2007

Houve 158 óbitos no País, superando os dados de 2002; em janeiro, casos da doença voltaram a cair

Por Emilio Sant'Anna
Atualização:

Os casos de dengue hemorrágica, ou Febre Hemorrágica de Dengue (FHD), nunca foram tão letais como no ano passado. Em 2007, 158 mortes foram registradas no País. Isso é mais do que o dobro de 2006, ano em que 76 óbitos foram confirmados. O número supera também o recorde anterior de 2002, quando 150 pessoas morreram em conseqüência da doença. O vírus da dengue tem quatro subtipos. A pessoa que se infecta pela primeira vez adquire a dengue clássica. Curada, fica imune contra esse subtipo específico, mas não contra os outros três. Quando ocorre uma segunda infecção, a doença se manifesta de maneira mais violenta e pode matar. De acordo com o boletim sobre a situação da dengue no País, divulgado ontem pelo Ministério da Saúde, 559.954 casos foram registrados em 2007, 1.541 de dengue hemorrágica. Procurado pela reportagem, o secretário adjunto de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, Fernando Pimenta, não foi encontrado. Em 2007, 86% dos casos de dengue hemorrágica foram concentrados nos Estados do Ceará, Rio, Maranhão, Pernambuco, Amazonas, Mato Grosso do Sul, Piauí, Goiás, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte. Em relação aos óbitos, 64% ocorreram nesses mesmos Estados. São Paulo registrou o maior número de casos (82.912), enquanto o Rio liderou o ranking das mortes (29). A região Centro-Oeste, no entanto, teve a maior taxa de incidência do País (827 casos por 100 mil habitantes), sendo classificada como de alta incidência de dengue. Em 2007, foram notificados no Centro-Oeste 111.757 casos de dengue e confirmados 192 de hemorrágica, o que causou a morte de 35 pessoas. CAPITAL DA DENGUE No Centro-Oeste, ao contrário do resto do País, a transmissão ocorreu, com mais freqüência, nos municípios com população maior que 500 mil habitantes. A capital de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, foi a cidade brasileira com o maior número de notificações de pessoas infectadas em 2007, 45.515 casos. De acordo com o diretor de Vigilância em Saúde do Estado, Eugênio Barros, a alta taxa de letalidade da dengue hemorrágica foi causada pela circulação de sorotipo 3 do vírus da doença. "Não havia experiência para lidar com as complicações desse sorotipo", diz. A perspectiva para 2008, no entanto, é melhor. No primeiro mês do ano passado, 19.731 pessoas infectadas pela doença já haviam sido identificadas. Em janeiro deste ano, apenas 30. Segundo Barros, o resultado está abaixo do esperado para essa época do ano, em que o calor e as chuvas proporcionam as condições ideais para a proliferação do vetor da dengue: o Aedes aegypti. O diretor de Vigilância em Saúde, no entanto, evita comemorar. Com a grande infestação do mosquito em 2007, a quantidade de ovos também foi alta. Em contato com a água, a tendência é que novos vetores sejam formados . "É cedo para nos considerarmos livres da epidemia", diz. "Combater o mosquito adulto é apenas como tentar apagar um incêndio. Precisamos fazer o controle nas casas para impedir a eclosão dos ovos." Outro Estado que chama a atenção das autoridades sanitárias é o Paraná. Em dezembro, o Estado mostrou que os casos de dengue subiram 827% na região Sul até aquele mês, em relação a igual período de 2006. Apenas o Paraná foi responsável por 95% desses casos. As cidades mais atingidas foram Maringá, com 8.356 notificações; Foz do Iguaçu, com 4.630 casos; e Londrina, com 3.777. Em 2007, todos os nove casos de dengue hemorrágica registrados no Sul do País ocorreram no Paraná. Cinco casos foram fatais. A proximidade com Mato Grosso do Sul é uma das hipóteses para a epidemia. Santa Catarina continua sendo o único Estado brasileiro sem transmissão autóctone de dengue, ou seja, adquirida no próprio local. Dos 678 casos registrados, todos foram contraídos em outros Estados. FORTE REDUÇÃO O boletim epidemiológico divulgado ontem pelo Ministério da Saúde traz pelo menos uma boa notícia, por enquanto parcial. Há uma clara tendência de queda nos casos de dengue no País na comparação entre janeiro deste ano e do ano passado. Ainda é cedo para comemorar, pois o ministério ainda não recebeu os dados completos dos Estados. Até agora, 7.520 casos foram confirmados em janeiro contra os 53.224 do mesmo período de 2007. São Paulo registra uma das maiores quedas. De acordo com o Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado, até sexta-feira 170 casos haviam sido confirmados. Uma melhora em relação a janeiro de 2007, quando 4.694 pessoas foram infectadas.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.