Morre Teo Macero, produtor de ?Kind of Blue?

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Por Antonio Gonçalves Filho
Atualização:

Ele produziu um dos discos mais notáveis e também o mais vendido de toda a história do jazz, Kind of Blue (1959), do trompetista Miles Davis (1926-1991). Ao lado do músico, realizou registros históricos - o disco Bitches Brew (1969), entre eles - que mudaram não só o rumo da carreira de Davis como do próprio jazz, além de criar a fusion (mistura de gêneros que combina jazz, música eletrônica e rock). Teo Macero, o lendário produtor fonográfico de Davis, morreu na terça-feira, aos 82 anos, vítima de longa enfermidade, em Riverhead, Nova York, mas sua morte só foi anunciada ontem pela filha adotiva, Suzie Lightbourn. O legado de Macero é de importância fundamental para o jazz. Além da coragem de enfrentar os ortodoxos com os discos "eletrônicos" de Davis, esse ingresso do trompetista no universo pop influenciou toda uma geração de músicos nos anos 1970 e 1980 (Talking Heads e U2, entre outros). A ousadia sempre foi uma marca de Macero. Além dos discos de Miles Davis, ele produziu outros álbuns antológicos como Time Out (1959), do pianista Dave Brubeck, e Monk?s Dream (1963), primeiro disco do pianista Thelonious Monk para a Columbia, gravadora para a qual trabalhou como produtor de 1957 a 1975. O talento inovador de Macero também atraiu músicos fora do círculo jazzístico, interessados em aprender mixagem de som numa época pré-digital e engatinhando no som estereofônico. Ele os ensinou a usar os recursos da eletrônica, transmitidos ao produtor (e também saxofonista) pelo compositor Edgard Varèse. Após ter produzido discos para instrumentistas como Monk e Charlie Mingus e cantores como Ella Fitzgerald, Macero foi atraído para o cinema. Compôs trilhas e produziu a do filme A Primeira Noite de um Homem (1967) para o compositor Dave Grusin e a dupla Simon e Garfunkel .

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