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Morre Farrah Fawcett, a ''pantera''

Com 62 anos, atriz havia lutado durante os últimos 3 contra câncer

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

No início dos anos 90, diagnosticada com câncer, Farrah Fawcett havia vencido a doença. Mas nos últimos três anos ele voltou, um câncer no reto que se alastrou até o fígado. Ontem, Farrah não resistiu. Internada numa UTI em Santa Mônica, morreu no início da tarde (horário do Brasil). Tinha 62 anos. A seu lado estava o ex-marido Ryan O?Neal. Desde que ela passou a lutar de novo contra o câncer, O?Neal voltou a ser seu companheiro de vida e luta, pois também é paciente terminal. Farrah Fawcett incendiou o imaginário masculino e virou mito erótico ao estrelar, na TV, o seriado Charlie?s Angels - no Brasil, As Panteras. Ninguém era mais pantera do que ela. E olhem que, até conseguir o papel salvador de sua carreira, Farrah vinha tentando sem êxito a sorte em Hollywood desde 1968. Filmes como Homem e Mulher até Certo Ponto (Myra Breckinridge), de Michael Sarne, e Fuga no Século 23, de Michael Anderson, não a ajudaram. Nenhum dos dois marcou história e, no primeiro, Farrah era eclipsada por uma Raquel Welch no auge do sex-appeal. De resto, a própria Raquel tinha de lutar com uma lenda da velha Hollywood, Mae West, a quem cabiam as melhores cenas. A voz corrente em Hollywood é que Farrah devia sua carreira na TV ao então marido Lee Majors, "o homem de US$ 6 milhões". Se é verdade, em seguidinha Farrah começou a voar com as próprias asas. Mal as panteras irromperam nas TVs de todo o mundo - ela formava um trio e tanto com Kate Jackson e Jaclyn Smith -, Farrah conseguiu vender rapidamente 5 milhões de exemplares de um pôster em que aparecia de maiô vermelho, cotovelo em cima do joelho e um sorriso de dentes perfeitos, que mais pareciam propaganda de creme dental. A partir daí, começou o mito, com o qual teve muitas dificuldades para conviver. Promovida a mito sexual, Farrah sempre detestou se encaixar no papel. Queria ser dona de casa, mas nunca aguentou o assédio de fãs nas filas de supermercado. Sonhava ser a mãe do ano, mas admitiu certa vez que a exasperava o fato de o filho chorar o tempo todo. Nessa altura, o casamento com Lee Majors já terminara - ele teria batido nela - e Farrah iniciou uma conturbada relação com Ryan O?Neal. Provavelmente só Richard Burton e Elizabeth Taylor ou Robert Wagner e Natalie Wood se casaram (e descasaram) mais vezes. Em 1997, a ex-pantera, completando 50 anos, posou na Playboy americana. A revista vendeu como água, mas Farrah protagonizou naquele ano escândalos que fizeram a delícia dos tabloides. Entre outras coisas, foi acusada de destruir roupas e fotografias de uma certa Kristen Amber, com quem disputava o amante, o diretor James Orr. Filmes que fez na época, Seduzida ao Extremo, de Robert M. Young, e Cama Ardente, de Robert Greenwald, soam como pornôs, mas Farrah esforçou-se em especial no segundo, como a mulher que apanha do marido ciumento e toca fogo na cama com ele. Vieram depois dois bons papéis, seus melhores no cinema. Em O Apóstolo, obra de estreia do ator Robert Duvall na direção, é a mulher adúltera que um pastor religioso prefere matar, em vez de perdoar. Em Dr. T e as Mulheres, de Robert Altman, integrou o numeroso elenco feminino que gravitava em torno do ginecologista Richard Gere. Embora talentosa, Farrah foi marcada - e condicionada - pelo êxito como "pantera".

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