PUBLICIDADE

Mocinhos ou vilões?

Benefícios e ?efeitos colaterais? dos alimentos

Por Agencia Estado
Atualização:

Café Age conforme o estado de saúde do organismo que o recebe. ?Ele é proibido para quem tem acidez estomacal, propensão à gastrite e hipertensos?, diz o biomédico Carlos Ferrari, do Centro Universitário São Camilo. Mas um estudo publicado neste mês pela ?Mayo Clinic Women´s HealthSource?, feito com 27 mil mulheres na menopausa, destaca o papel do café na prevenção de inflamações, problemas cognitivos e doenças cardiovasculares ? cortesia dos antioxidantes presentes na bebida. A pesquisa também alertou para o fato de que seis ou mais xícaras por dia aumentariam o risco de desenvolvimento da doença de Parkinson em mulheres sob reposição hormonal. - Gorduras Sem elas, o organismo não funciona. O azeite extravirgem, por exemplo, já foi relacionado à prevenção de doenças cardiovasculares, além de possuir ação antiinflamatória. ?Ele alia a gordura monoinsaturada aos antioxidantes?, diz Daniel Magnoni, cardiologista e nutrólogo do Hospital do Coração (HCor). A estratégia é usá-lo no lugar das outras gorduras. Manteiga, margarina e óleo de soja deveriam se comportar como coadjuvantes de novelas e só darem as caras de vez em quando. Apesar de serem culpadas pela obesidade do mundo, as gorduras são essenciais no dia a dia. ?Gordura ruim é aquela consumida em excesso?, diz o endocrinologista Mario Pradal, de São Paulo. - Vinho Os benefícios começaram a ser observados em populações européias, especialmente a francesa. ?Eles têm o hábito de comer bastante queijo, ingerindo por isso uma quantidade considerável de gordura saturada, mas apresentavam menos problemas cardiovasculares quando comparados com populações que comiam a mesma quantidade de gordura, mas que não tinham o hábito de beber vinho tinto", diz o médico nutrólogo Andrea Bottoni, do GANEP Nutrição Humana. Bottoni destaca o papel do resveratrol, poderoso antioxidante presente no vinho. Mas os benefícios só são obtidos quando ele é ingerido com moderação ? um cálice (250ml) de vinho tinto por dia basta. E não é aconselhado para hipertensos, obesos e diabéticos. - Leite Muitos nutricionistas costumam dizer que o leite de vaca é excelente... para o bezerro. Segundo a Unicef, o ideal é que o bebê consuma apenas leite materno até os seis meses de idade. ?O leite de vaca tem muito mais proteínas do que o nenê precisa?, diz o pediatra Ary Lopes, chefe da unidade de nutrologia do Instituto da Criança da USP. O resultado disso pode ser uma sobrecarga para os rins da criança. Quando não é possível continuar amamentando, é possível apelar para as fórmulas infantis ? encontradas em marcas como Bebelac, Aptamil, Nestogeno e Nan. Mas, se a família não tem condições de comprar as fórmulas, há como modificar o leite de vaca, sempre sob a orientação de um pediatra. Para os adultos, o leite de vaca pode ser benéfico, desde que o consumidor não seja alérgico. - Açúcar Esse aí, como diriam as avós, é um segundo na boca e a vida inteira no bumbum. ?A ingestão de carboidratos refinados como o açúcar deveria ser muito moderada?, diz o biomédico Carlos Ferrari, do Centro Universitário São Camilo. Entre os problemas que aparecem quando se abusa dele estão o aumento da glicemia sanguínea ? que pode ser um dos fatores para o aparecimento da diabete ? e a síndrome metabólica ? distúrbio caracterizado por obesidade central, alterações no colesterol sanguíneo, hipertensão e pré-diabete. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a ingestão diária de açúcar refinado não ultrapasse 10% do valor total diário de calorias. Segundo a nutricionista Priscila Barsanti de Paula, do HIAE, o açúcar refinado é 100% calorias, sem valor nutricional. Por isso, o mais prudente é trocá-lo pelo açúcar mascavo ou pelo mel, que contêm vitaminas. No entanto, nem um nem outro são bons para quem quer perder peso. ?Se o objetivo é reduzir calorias, o ideal é substituí-lo pelo açúcar light?, diz a nutricionista. - Chocolate Contam historiadores que o imperador asteca Montezuma II, antes de se divertir com seu harém, consumia litros de chocolate. Hoje se sabe que, quem tenta fazer o mesmo, mal consegue tirar as roupas. Com cerca de 210 calorias em uma barrinha de 50g, ele é proibido para diabéticos e não recomendado para quem quer perder peso. Mas alguns estudos dizem que, em quantidades moderadas, a iguaria pode conferir energia, bom humor e até ajudar na prevenção da insônia. E nenhuma pesquisa provou, até hoje, que as espinhas são culpa do alimento. ?O chocolate é rico em polifenólicos de alto poder antioxidante?, diz o biomédico Carlos Ferrari. Para tirar vantagem do ?ouro negro? no melhor estilo Montezuma II, tente o chocolate amargo, que tem menos açúcar. Nutricionista do HIAE, Priscila de Paula diz a ingestão de vegetais folhosos verdes, como brócolis e aspargos, substitui algumas das substâncias que produzem o vício. - Carne vermelha De porco, vaca ou carneiro, as carnes têm um papel importante no crescimento de qualquer ser humano. Mas, todo dia, não está liberada nem para gaúchos de bombacha. ?A carne vermelha tem muito ferro-heme, proteínas de alto teor biológico, zinco, complexo B. Quem fala mal da carne desconhece a boa alimentação?, diz o nutrólogo Edson Credidio, diretor da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran). O ferre-heme é encontrado nas carnes e apresenta uma boa absorção intestinal, melhor do que a do ferro não-heme, presente nos vegetais. O alimento é um dos mais atacados em pesquisas. Já foi dito que o consumo de carne vermelha favorece o surgimento de doenças cardiovasculares e de certos tipos de câncer. Em novembro de 2006, a revista ?Archives of Internal Medicine? publicou um estudo que ligava o consumo carne vermelha ao câncer de mama em mulheres que ainda não chegaram à menopausa. Um estudo da ?Open University? britânica do ano passado acusava o alimento de danificar o DNA humano, culpa de uma substâncias chamada composto n-nitroso, formada no intestino grosso. O endocrinologista Mario Pradal, do Grupo NKB Diagnósticos, acha que é preciso avaliar melhor essas pesquisas. ?O câncer é uma doença multi-fatorial e associar seu surgimento diretamente à carne vermelha é algo difícil de entender?, diz ele. O médico ortomolecular Augusto Vinholis tem uma opinião mais radical sobre a carne. ?Nosso organismo tem todas as características de animal vegetariano, como a ausência de presas e o intestino longo. A carne, que fica por muito tempo no organismo, é causa de muitos problemas de saúde.? - Sal Também depende. Se você come demais, é um vilão. Se ingere dentro do limite recomendado, é benéfico. O excesso de sal aumenta a pressão arterial, que pode levar a um acidente vascular encefálico (o popular derrame), provocar insuficiência cardíaca e até mesmo comprometimento da função renal. ?Além disso, muito sal na alimentação aumenta o risco de osteoporose e asma?, diz o biomédico Carlos Ferrari, do Centro Universitário São Camilo. O problema é que é muito fácil ultrapassar a quantidade diária de sódio ? uma das partes constituintes do sal que, em excesso, pode prejudicar a saúde ?, como explica a nutricionista do Hospital Albert Einstein Priscila de Paula. ?A dose individual máxima diária recomendada é de 2.400 mg de sódio. Uma colher de chá de sal contém 2.300 mg de sódio, sem contar o sódio intrínseco dos alimentos. Portanto, facilmente ultrapassamos a quantidade diária?, diz. O sal light também não é a oitava maravilha. Por salgar menos, muita gente usa em dobro. O melhor é ter cautela. - Ovo Para se ter uma idéia do valor nutricional do ovo, basta compará-lo a um pequeno bife. A clara é rica em proteínas, especialmente a albumina, importante para o aumento da massa muscular. ?Deve ser ingerida cozida, pois se ingerida ao natural, faz com que os outros nutrientes do alimento inibam a absorção de uma vitamina do complexo B, a biotina, uma das substâncias responsáveis por fornecer energia ao organismo?, diz Priscila de Paula, do HIAE. A gema também é nutritiva, mas deve ser consumida com moderação, incluindo as preparações que a contém, como maioneses e bolos. A ingestão, no total, deve ser limitada a três ovos por semana. Também é importante não fritá-los. ?A lenda sobre colesterol é errônea, uma vez que o colesterol tem origem genética ou por deficiência hepática?, diz o nutrólogo Edson Credidio.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.