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Minc manda prender quem usar lei de SC

Estado prevê redução de área preservada; governador reage

Por João Domingos e BRASÍLIA
Atualização:

Dizendo que não vai reconhecer o novo Código Florestal sancionado pelo governo de Santa Catarina, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, determinou aos fiscais do Ibama que multem e prendam quem seguir as determinações da legislação estadual. Em resposta, o governador do Estado, Luiz Henrique da Silveira, enviou ofício notificando que usará a polícia para impedir essas ações e acusou Minc de agir como um ministro "do regime ditatorial". Leia a íntegra do ofício e analise dados de desmatamento O novo código estadual, sancionado nesta semana, estabelece que propriedades acima de 50 hectares terão de preservar apenas 10 metros de mata ciliar em pequenos rios e córregos. As menores de 50 hectares podem deixar a mata ciliar com 5 metros. Já o Código Florestal federal exige que o produtor preserve 30 metros de mata ciliar. Minc disse ter pedido à Advocacia-Geral da União (AGU) que requeira ao Supremo Tribunal Federal (STF) a declaração de inconstitucionalidade da lei catarinense. "O Brasil não é os Estados Unidos, em que cada Estado faz a sua lei", afirmou o ministro. Silveira também quer que o assunto vá parar no STF. Ele acha que a Suprema Corte vai dizer o que vale e o que não vale no Código Florestal brasileiro - uma Medida Provisória não votada (MP 2.166/67, de 2001, reeditada 67 vezes). Além disso, o Ministério Público de Santa Catarina anunciou que vai acionar a Procuradoria da República para solicitar ao STF a análise da constitucionalidade da lei. Para o promotor e coordenador do centro de apoio operacional do Meio Ambiente, Luiz Eduardo Souto, cerca de 20 dos 250 artigos do código estadual estão em desacordo com a legislação federal e, portanto, são inconstitucionais. "A redução (da área protegida) deixa vulnerável o ambiente e aumenta a possibilidade de novos desastres", diz Souto. O Ministério Público recomendou ainda que órgãos ambientais do Estado sigam a lei federal. Por ordem de Minc, instituições como a Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina e o Conselho Estadual de Meio Ambiente devem ignorar o código. ?DITATORIAL? No ofício enviado ontem a Minc, Silveira o acusa de autoritário. "A declaração de Vossa Excelência só poderia ser atribuída aos ministros do regime ditatorial, contra o qual lutei durante os 25 anos desse período negro do País." No mesmo texto, ele convida Minc a visitar o Estado. "Conhecendo a nossa realidade e os prejuízos que a lei federal vem impondo à produção agropecuária catarinense, bem como à geração de emprego e renda no campo, Vossa Excelência aplaudirá o nosso código, que compatibiliza o desenvolvimento com proteção ambiental", afirma. COLABOROU JÚLIO CASTRO, ESPECIAL PARA O ESTADO

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