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MEC dá mais uma função ao Enem

Novo exame do ensino médio também deve substituir avaliação de alunos que estão no 1.º ano da graduação

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Por Renata Cafardo
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Além de substituir o vestibular, o novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deve ser usado como parte do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), feito por alunos de faculdades, universidades e centros universitários do País. Hoje, alunos do primeiro e do último ano de cursos de graduação precisam realizar a prova. A intenção do Ministério da Educação (MEC) é que os jovens que fizerem o novo Enem ao fim do ensino médio sejam dispensados do Enade aplicado aos calouros. A mudança deve ocorrer no ano que vem, mas já está sendo organizada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão do MEC responsável pelas avaliações. Este é o primeiro ano em que o Enade será obrigatório para todos os calouros e formandos dos cursos avaliados. Até 2008, o exame era feito por amostragem. Mais de 1 milhão de pessoas ingressam no ensino superior por ano no País. Será a primeira vez também que o Enem passará a ser elaborado para que seu resultado possa ser comparado ano a ano. Até então, a prova tinha um nível de dificuldade diferente a cada edição. As duas mudanças vão ajudar na comparação de Enem e Enade em 2010. "Não é preciso ter exames idênticos para se comparar, e sim instrumentos capazes de medir o potencial de aprendizado dos alunos, como o novo Enem", diz o presidente do Inep, Reynaldo Fernandes. O Enem tinha 63 questões até o ano passado, mas está sendo ampliado para ser usado por universidades federais como processo seletivo. Ele passará a ter 200 perguntas de quatro áreas: matemática, ciências da natureza, ciências humanas e linguagem e códigos. Segundo Fernandes, a ideia é usar só as provas de matemática e de ciências humanas e linguagem como substitutas do Enade. Hoje, quem está no primeiro ano do ensino superior faz um exame de conhecimentos gerais e outro específico (sobre a área do curso), mas esse será eliminado no novo formato. O mesmo exame é aplicado aos formandos, para avaliar os conhecimentos adquiridos na graduação. A instituição recebe uma nota específica para isso, chamada de Indicador de Diferença de Desempenho (IDD). "O Enem será melhor para essa comparação porque é feito antes do ingresso no curso superior", diz Fernandes. Hoje, o Enade é criticado porque realiza a prova para calouros depois de alguns meses de curso. "O estudante já fez algumas disciplinas, foi orientado a ler livros, já teve a influência da vivência universitária", afirma o presidente do Sindicato das Entidades Mantenedoras do Ensino Superior do Estado de São Paulo (Semesp), Hermes Figueiredo. Ele defende também que o Enem sirva para que participantes manifestem interesse pela inscrição no Programa Universidade para Todos (ProUni), que dá bolsas a carentes em universidades privadas, e no Financiamento Estudantil (Fies). Com a mudança, o MEC pretende estimular mais ainda uma adesão maciça ao Enem, que na última edição teve 4 milhões de inscritos. O governo deve criar uma nova prova, apenas com português e matemática, para calouros que não participarem do Enem, já que esse exame não é obrigatório. A participação no Enade, por sua vez, é exigida para a obtenção do diploma no País. Ele substituiu o Provão e uma das diferenças era o fato de avaliar apenas por amostragem. No último ano, participaram 118 mil ingressantes e 71 mil concluintes de áreas como Engenharia e Arquitetura. A presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Lúcia Stumpf, acha que o uso da nota do Enem no Enade será bom para os alunos, mas mantém suas críticas à avaliação do ensino superior. "O Enade continua permitindo rankings de universidades, como o Provão, e a avaliação interna da instituição não é valorizada."

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