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Mais duas grávidas acusam Contracep

Mulheres dizem ter engravidado apesar de usarem o remédio

Por Tatiana Favaro e Chico Siqueira
Atualização:

Ontem, mais duas mulheres afirmaram estar grávidas apesar de terem tomado o contraceptivo injetável Contracep, do laboratório EMS-Sigma Pharma, que teve lotes interditados no começo mês. Elas se juntam a outras duas vítimas já confirmadas. A dona de casa Kátia de Souza Floriano, de 30 anos, moradora de Adolfo, recebeu a aplicação do medicamento, que teve três lotes recolhidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por suspeita de ineficácia. Kátia descobriu que está grávida de dois meses, apesar de ter tomado as injeções desde agosto. Em 10 de novembro, um dia depois de a Anvisa noticiar a interdição, Kátia se submeteu ao teste de gravidez e descobriu que estava esperando um filho. "Fiquei apavorada, pois meu marido e eu estamos desempregados. O filho será bem-vindo, mas não era desejado," contou ela. A dona de casa já é mãe de três crianças. A família se mudou recentemente do Guarujá para o interior de São Paulo em busca de emprego, mas não conseguiu. "Eu estava me prevenindo exatamente porque não poderia ter outro filho", afirmou. Na quinta-feira, ela apresentou a nota fiscal do medicamento comprado na farmácia São José, em Adolfo. O farmacêutico Clóvis Stucchi confirmou que vendeu as injeções para Kátia, que as duas doses foram aplicadas em agosto e outubro, e que elas eram do lote 0804961, um dos três interditados. A advogada Flávia Longhi, que defende a dona de casa, disse que sua cliente vai entrar com ação de indenização contra o laboratório. Segundo ela, Kátia deverá pedir, além da indenização de danos morais, ajuda para alimentar o filho. A dona de casa Edivânia Tavares dos Santos, de 31 anos, moradora de Itapira, a 176 km de São Paulo, também alega ter engravidado enquanto tomava o Contracep. Edivânia disse que tomou uma dose do medicamento no dia 3 de julho, um mês e uma semana após sua segunda filha nascer. A segunda dose teria sido aplicada em 3 de outubro, no mesmo posto de saúde, localizado no bairro Flávio Zacchi. Mãe também de um menino de 5 anos, Edivânia suspeitou estar grávida após ser internada com supostas cólicas renais e de ter enjôos freqüentes. "Não costumo guardar caixas de medicamentos, mas essa eu guardei", afirmou. Na caixa de Contracep está o número 080501-1, um dos lotes recolhidos. A Secretaria de Saúde de Itapira informou em nota que Edivânia está matriculada no Programa Pré-natal do município, mas negou que o medicamento tenha sido aplicado na paciente por profissionais da rede pública de saúde. A advogada de Edivânia, Danila Bologna Lourençoni, afirmou que tentou entrar em contato com a Secretaria de Saúde, mas não conseguiu informações sobre o caso. Edivânia também disse ter entrado em contato com o Serviço de Atendimento ao Consumidor da EMS-Sigma Pharma, mas não teve retorno. "Registramos um boletim de ocorrência no dia 23. Agora vou enviar uma notificação extra-oficial ao departamento competente da Anvisa e estudar uma ação de indenização," afirmou Danila. A EMS não se pronunciou sobre nenhum caso em particular, mas informou ontem que cada caso terá suas particularidades avaliadas. Em nota divulgada na quinta-feira, a EMS diz que agiu de acordo com a legislação vigente e vem adotando medidas administrativas e judiciais apropriadas. A empresa afirma não concordar com laudo do Instituto Adolfo Lutz, em que é apontado o desvio de qualidade. Os resultados de amostras coletadas no processo de fabricação tiveram, segundo a EMS, resultados satisfatórios.

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