Mãe de infectado pode ter gripe

Caso o diagnóstico seja confirmado, mulher será o 1º registro de transmissão entre pessoas que não viajaram

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Por Roberta Pennafort , Pedro Dantas e Jamil Chade
Atualização:

A mãe do rapaz de 29 anos que contraiu o vírus da gripe suína no Rio de Janeiro foi internada ontem com suspeita da doença no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, na Ilha do Fundão, zona norte. O filho da paciente, também hospitalizado, foi contaminado por um amigo recém-chegado do México e que também está na unidade. De acordo com o chefe de Epidemiologia e Avaliação do hospital, Roberto Fiszman, caso o diagnóstico seja confirmado, a mulher será o primeiro caso de transmissão autóctone da doença no país, ou seja, a contaminação entre pessoas que não estiveram em áreas de risco. Em nota, o Ministério da Saúde destacou que, até o momento, a transmissão de pessoa a pessoa do novo vírus A(H1N1) é limitada no País e sem sustentabilidade, ou seja, não há um surto no Rio, o que obrigaria novas medidas das autoridades sanitárias. Até ontem, o País tinha seis casos confirmados e 30 em investigação - dois novos suspeitos foram registrados em São Paulo. No mundo, 29 países já registraram 3.440 casos, além de 49 mortes. A Costa Rica informou a primeira morte fora da América do Norte e a Noruega, seus primeiros casos. Fiszman informou que a internação da mãe do rapaz contaminado no Brasil não foi uma surpresa. "Ela já estava em quarentena domiciliar voluntária e a transmissão continua circunscrita ao grupo ligado ao rapaz que esteve no México''. Segundo ele, a mulher, com cerca de 50 anos, deu entrada na manhã de ontem após sentir febre e ter acessos de tosse. Ela permanece isolada e seu diagnóstico, a cargo da Fundação Oswaldo Cruz, sairá em até 72 horas. O filho da paciente, de 29 anos, teria bebido no mesmo copo do amigo que esteve em Cancun, no México, durante uma comemoração na Praia da Bicas, na Ilha do Governador, bairro onde moram. ''O agente (vírus) é novo e os mecanismos de transmissão ainda não são conhecidos, por isso estamos pedindo que as pessoas intensifiquem as medidas de higiene, como lavar as mãos. Uma pessoa que divide o mesmo copo corre mais risco do que alguém que apenas conversa com alguém contaminado, mas a informação da transmissão ainda não é precisa". O filho da paciente continua internado e com febre, segundo o hospital. O rapaz evoluiu ontem com sinais e sintomas respiratórios e "o quadro respiratório sugere pneumonia viral", situação mais grave. O amigo que lhe transmitiu o vírus está ''praticamente assintomático", diz a unidade. Manoel Martins, diretor do hospital privado Santa Maria Madalena, negou que a unidade tenha sido negligente ao liberar o jovem que veio do México. O rapaz não confiou na decisão e se dirigiu ao Clementino Fraga. Segundo Martins, ''naquele momento não havia necessidade'' da internação. TIRE SUAS DÚVIDAS Quais os sintomas suspeitos? Febre alta repentina (maior que 38ºC) e tosse. Outros sintomas podem estar associados: dor de cabeça, dores musculares e nas articulações e dificuldade respiratória. Só são considerados casos suspeitos aqueles que apresentaram os sinais em até dez dias após sair de países afetados ou depois de ter contato próximo com casos suspeitos no País Como evitar o contágio? Lavar com frequência as mãos, proteger com lenços a boca e o nariz ao espirrar ou tossir, evitar tocar com frequência olhos, nariz e boca. O Ministério da Saúde aponta "evitar aglomerações e ambientes fechados" como forma de prevenir todos os tipos de gripe Devo usar máscara cirúrgica? A população em geral não deve usar máscaras, apenas as pessoas que se encaixam como caso suspeito e que se dirigem aos serviços de saúde. Também devem usar os profissionais envolvidos no seu atendimento e na inspeção dos meios de transporte Devo tomar remédio mesmo sem sintomas? Ninguém deve tomar remédio sem indicação médica. A automedicação pode mascarar sintomas, retardar o diagnóstico e causar resistência ao vírus Há vacina? Ainda não existe vacina contra o novo subtipo de vírus. A vacina contra gripe comum não protege contra o vírus A(H1N1) Devo evitar viajar? A OMS não recomenda restrições para viagens A doença é sempre grave? A OMS afirma que é cedo para traçar um perfil da gravidade da gripe suína. A maior parte dos infectados até agora sobreviveu. No entanto, em algumas pandemias anteriores, o vírus tornou-se mais perigoso em uma segunda onda da doença

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