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Livre-se delas

Varizes representam um sério problema de saúde. Mas, felizmente, hoje há meios modernos de tratá-las

Por Denise Berto
Atualização:

Pior do que comprometer a estética das pernas, as varizes interferem significativamente na qualidade de vida de quem as possui, já que são doloridas e bastante incômodas. De acordo com o angiologista Fernando Soares Moreira, diretor da clínica Steticlin, de São Paulo, um recente estudo apontou que, no Brasil, existem mais de 20 milhões de pessoas com este problema. As mulheres são as maiores vítimas, devido ao progesterona, hormônio feminino que colabora com a dilatação da veia. Assim, alterações hormonais na mulher - sejam durante a gravidez e menopausa, ou causadas pelo uso de pílulas anticoncepcionais ou tratamentos de reposição hormonal - passam a ser um agravante para o seu aparecimento. O angiologista acrescenta que, em 90% dos casos, este problema é decorrente de hereditariedade. Os 10% restantes podem ser atribuídos a fatores externos, como, por exemplo, ficar muito tempo em pé ou sentado, obesidade, uso de salto alto ou sedentarismo. O professor de cirurgia vascular da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Pedro Puech Leão, destaca que as varizes acontecem quatro vezes mais em mulheres do que em homens, porque o útero, principalmente durante a gravidez, dificulta a passagem do sangue que vem das pernas para o coração. Por isso também, manifestam-se com mais freqüência após a gravidez. O médico lembra que é importante diferenciar varizes dos conhecidos "vasinhos" ou teleangiectasias, como são chamados pelos médicos. As primeiras são veias azuladas: tortuosas, apresentam saliência na superfície, causando dor e inchaço nas pernas ao final do dia. Já os "vasinhos" são apenas um problema estético. As veias finas não apresentam saliência e têm uma cor avermelhada ou violeta. O angiologista mineiro Francisco Reis Bastos, autor do livro Varizes - Conhecer para Prevenir, enfatiza que as varizes são extremamente prejudiciais à saúde, porque representam uma falência da drenagem de sangue (insuficiência venosa), o que leva à estase, ou seja, sangue parado. Isto pode causar a coagulação e, conseqüentemente, trombose venosa. O melhor meio de evitá-las, segundo ele, é manter desde cedo uma vida saudável, com caminhadas, meias elásticas, controle de peso, boa hidratação, e não ficar em pé, na posição parada, por longos períodos. O QUE FAZER Os tratamentos para as varizes vão desde o simples uso de meias elásticas até a cirurgia. No entanto, a mais recente técnica utilizada é a escleroterapia com microespuma de polidocanol, para tratar varizes de grande e médio calibre. Esta técnica se contrapõe à cirurgia, que é indicada pelos cirurgiões vasculares para o controle da doença. "Assistimos ao desenvolvimento de novos métodos de tratamento para a doença varicosa e este progresso contribui para uma maior eficácia e menor agressão, em contraponto ao tratamento cirúrgico convencional", explica o doutor Francisco Bastos. Segundo o especialista, a escleroterapia é um tratamento usado há muitos anos pelos angiologistas. Trata-se de aplicações de injeções nas veias doentes com líquidos como glicose, ethamolim ou fenol, produtos que ajudam na cicatrização. A partir dos anos 90, passou a ser utilizado para esta função um produto revolucionário: o polidocanol, um álcool anestésico com poder espumante, ou seja, gera uma espuma que carrega o álcool para dentro da parede da veia. Esta espuma destrói a camada fina interna da veia e o polidocanol penetra nela, contraindo-a e gerando um espasmo de 50%. "É o começo da cicatriz que cura", garante o médico. De acordo com ele, apesar de ser contra-indicado para quem possui doenças arteriais, febris, moléstias graves e gestantes, as vantagens em relação à cirurgia são várias: é feito no consultório, com acompanhamento de ultra-som, não necessitando de internação hospitalar; em duas ou três sessões a cada cinco dias ou a cada mês (dependendo do paciente) as varizes estão secas; a recuperação é bem melhor, não necessita de repouso, mas de caminhadas diárias, e o preço é bem menor: de R$ 200,00 a R$ 400,00 por aplicação. Já o custo de uma cirurgia pode variar de R$ 1.500,00 a R$ 5.000,00. O professor da Universidade de São Paulo (USP), Pedro Puech Leão, não compartilha da mesma opinião. No seu entender, a tradicional cirurgia vascular traz resultados estéticos mais eficientes que a escleroterapia com espuma. Já o diretor da Steticlin, Fernando Soares Moreira , diz que todos os tratamentos são válidos, dependendo do caso, desde uma escleroterapia convencional passando pelo método de espuma até tratamentos cirúrgicos minimamente invasivos, como a microcirurgia (para vasos de médio calibre) e a cirurgia a laser (para grandes vasos), procedimentos estes que podem ser realizados com anestesia local. VIDA NOVA Indiferente às controvérsias dos médicos, Maria de Lurdes Aoki, de 55 anos, está feliz com o resultado da cirurgia vascular que sofreu em novembro do ano passado. "Moro no Japão com meus filhos e meu marido. Vim ao Brasil para visitar minha família e, finalmente, fazer a cirurgia que vinha adiando há muitos anos. Tinha muito medo, mas a dor nas pernas era tamanha que resolvi tomar uma atitude." Ela foi morar no Japão com parte da família há seis anos. Já tinha um pouco de dor nas pernas. Com o trabalho na fábrica, onde fica muitas horas em pé, o problema agravou-se tanto que teve de parar. "Hoje sou outra mulher. Minha recuperação foi ótima, não senti dor alguma, estou com as pernas muito bonitas e prontíssimas para retornarem ao trabalho", diz, satisfeita. A bancária Cíntia Fortes Davoglio, de 32 anos, também está partindo para uma nova vida. "Estou renovando meu guarda-roupa e, agora, tenho muitas minissaias e vestidos. Peças que não usava há muito tempo, por causa das microvarizes de minhas pernas." Após um ano de aplicações de injeções de glicose, ela diz que o resultado foi surpreendente. Cíntia diz que teve de interromper o tratamento porque engravidou. Agora que sua filha já tem 1 ano, vai retomá-lo e submeter-se à microcirurgia vascular que ficou faltando. "Estou bastante animada, porque, além da parte estética, minha dor nas pernas melhorou muito."

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