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Leite adulterado perde vitaminas

Laboratório Nacional Agropecuário avalia amostra de produto da Casmil

Por Eduardo Kattah e Sandra Hahn
Atualização:

Belo Horizonte - Laudo do Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro) sobre resultados das análises do leite produzido pela Cooperativa Agropecuária do Sudoeste Mineiro (Casmil), em Passos (MG), que comprovaram a presença de peróxido de hidrogênio (água oxigenada), indicaram também que a adulteração provoca a destruição das vitaminas A e E contidas no produto. O laudo, divulgado ontem pelo Ministério Público Federal (MPF), faz parte do inquérito que investiga a Casmil e a Cooperativa dos Produtores de Leite do Vale do Rio Grande (Coopervale), em Uberaba, suspeitas de acrescentar ao leite longa-vida substâncias químicas não permitidas, como soda cáustica (peróxido de hidrogênio). Segundo a nutricionista Anita Sach, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a soda cáustica e a água oxigenada, ao entrarem em contato com o leite, oxidam as vitaminas A e E, fazendo com que elas percam o efeito. "É uma reação química que ocorre", explica a nutricionista. Segundo ela, no entanto, o leite continua contendo cálcio, proteínas e gordura. DISFARCE As amostras analisadas foram extraídas de dois caminhões-tanque da Casmil no dia 16 de agosto, em Passos, e numa estrada que liga a cidade ao município vizinho de Itaú de Minas. Cada reservatório continha pouco mais de 25 mil litros de leite cru resfriado. Conforme a avaliação técnica, a água oxigenada permite que más condições higiênico-sanitárias de obtenção, conservação e transporte, isoladas ou associadas, sejam disfarçadas. "A adoção dessa prática, em desacordo com a legislação vigente, objetiva o prolongamento da vida útil da matéria-prima até seu beneficiamento", informa o relatório. Em relação aos efeitos da água oxigenada sobre o organismo humano, o documento afirma que "a ingestão de pequenas quantidades de peróxido de hidrogênio em solução a 3% geralmente resulta apenas em moderado efeito gastrintestinal". Mas "a ingestão de soluções com concentração igual ou superior a 10% ou grandes quantidades de soluções a 3% tem sido associada com morbidade e mortalidade severa". LEITE ENTERRADO A Nutrilat foi autuada pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) do Rio Grande do Sul por enterrar milhares de caixas de leite longa-vida em duas propriedades privadas de Fazenda Vilanova, a 90 quilômetros de Porto Alegre. Várias caixas tinham validade até abril de 2008. Os dois locais não tinham licença de operação para essa finalidade. A Fepam aplicou multa de R$ 20.450 à empresa, adquirida no dia 8 pela Bom Gosto. O advogado Diego Romero, que representa a Nutrilat, afirmou que o produto foi descartado de forma indevida após acidente com uma empilhadeira na fábrica.

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