Laudo aponta falta de condições na UTI do Souza Aguiar

Técnicos da vigilância encontraram problemas na esterilização dos materiais hospitalares

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Por Emilio Sant'Anna
Atualização:

Um laudo preliminar da Vigilância Sanitária Estadual aponta para Condições insatisfatórias no Centro de Terapia Intensiva (CTI) e Unidade para Pacientes Graves (UPG) do Hospital Municipal Souza Aguiar, no centro do Rio. Os técnicos da vigilância também encontraram problemas nos procedimentos de esterilização dos materiais hospitalares. Na última quarta-feira, o hospital passou por um processo de inspeção após a confirmação de três casos de infecção pela bactéria Enterococcus faeceium resistente ao antibiótico vancomicina (VRE, na sigla em inglês). Após um sucessão de rumores, a direção do hospital e a Secretaria Municipal de Saúde informaram que a CTI não seria fechada, o que causou repercussão negativa principalmente entre os representantes do sindicato dos médicos. De acordo com Victor Augusto Berbara, diretor da Vigilância Sanitária Estadual, o laudo definitivo ficará pronto ainda nesta semana, mas não deve apresentar muitas diferenças. "Realmente foram encontrados alguns problemas e agora estamos acompanhando o processo de adequação do hospital", diz. "Quanto aos problemas de esterilização dos materiais, as providências devem ser tomadas." Para Berbara, as providências tomadas pela direção do Souza Aguiar após a confirmação dos casos de infecção foram satisfatórias e não colocam em risco os outros pacientes. "Nossa equipe não detectou a necessidade de o CTI ser fechado", afirma. IRRESPONSABILIDADE O médico Jorge Darze, presidente do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro, discorda. Segundo ele, manter a unidade aberta e recebendo novos pacientes é uma irresponsabilidade do poder público. "É um documento contundente. A direção do Souza Aguiar não pode afirmar que esses três pacientes foram contaminados (com o tipo resistente) fora de lá", diz. Até agora, tanto a Secretaria de Saúde como a direção do Souza Aguiar não confirmam que os pacientes tenham contraído a infecção dentro do hospital. A informação oficial é que eles estariam colonizados por essa bactéria, mas não teriam desenvolvido infecção, a principal conseqüência que pode levar à morte. Procurada pela reportagem, a Secretaria Municipal de Saúde do Rio informou que apenas se manifestará após receber o resultado do laudo. Berbara, no entanto, afirma que as autoridades responsáveis foram informadas sobre os resultados preliminares. No dia 5 de dezembro, o Estado revelou que um documento interno do setor de enfermagem do Souza Aguiar já alertava para as precárias condições no CTI. De acordo com o texto, os profissionais da unidade - médicos e enfermeiros - não têm materiais básicos para desempenharem suas funções e são obrigados a trabalhar com, por exemplo, número insuficiente de luvas. Além da falta de insumos básicos, os profissionais não teriam treinamento suficiente para lidar com casos de pacientes contaminados por bactérias resistentes. E o mais grave: apenas uma torneira do CTI estaria funcionando. Há dois meses, 49 pacientes foram contaminados pela mesma bactéria no Hospital Geral de Bonsucesso, na zona norte da cidade.

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