Laboratório dará apoio ao pré-sal

Instalações na Coppe-UFRJ servirão para testar materiais usados na exploração de petróleo em alta profundidade

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Por Herton Escobar
Atualização:

Um novo laboratório de R$ 40 milhões na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) vai reforçar o arsenal científico brasileiro para a conquista do pré-sal. O Laboratório de Ensaios Não Destrutivos, Corrosão e Soldagem (LNDC) dará apoio ao desenvolvimento de equipamentos e materiais capazes de suportar as condições de alta pressão presentes no campo petrolífero de Tupi, a 7 mil metros de profundidade. As instalações devem ser inauguradas hoje pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em visita ao Rio. Mas o laboratório, que faz parte do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da universidade, já está parcialmente operacional. O novo prédio, com mais de 8 mil metros quadrados de área construída, abriga dois tanques de teste e experimentação. O primeiro, "molhado", com 12 metros de comprimento, 6 metros de largura e 7 metros de profundidade, servirá como uma grande piscina para testes de inspeção de estruturas submarinas com robôs e estudos de resistência de dutos, por exemplo. O segundo, "seco", é um ambiente isolado de radiografia, que funcionará como uma sala de raio X hospitalar, usado para detectar falhas em equipamentos e materiais. A diferença é que os raios X não têm energia suficiente para penetrar em materiais muito espessos. Por isso, o tanque será equipado com um acelerador de partículas (prótons) capaz de produzir raios gama, uma radiação de altíssima frequência, que permitirá aos engenheiros visualizar uma tubulação de aço assim como um médico visualiza um osso. "São testes que serão fundamentais para a exploração do pré-sal", disse ao Estado o professor da Coppe Oscar Rosa Mattos, um dos três responsáveis pelo LNDC. Em altas profundidades, como é o caso no campo de Tupi, descoberto em 2007, toda a infraestrutura de produção do petróleo será submetida a condições ambientais extremas de temperatura e pressão. Um dos problemas exacerbados pela profundidade é a corrosão. "As condições físico-químicas da água são totalmente alteradas por causa da pressão", explica Mattos. Traduzido em poucas palavras, a água é bem mais corrosiva nas profundezas do que próximo à superfície. Novos materiais precisarão ser desenvolvidos para a construção de cabos e dutos, o que exigirá também novas técnicas de soldagem. "O grande diferencial do LNDC é reunir essas três áreas do conhecimento em um só local: corrosão, soldagem e ensaios não destrutivos", destaca Mattos. A construção do laboratório foi financiada pela Petrobrás, Finep (fundo CT-Petro) e Agência Nacional do Petróleo (ANP). O foco das pesquisas será na exploração de petróleo em altas profundidades, mas não só nisso. "É um laboratório público de ensino e pesquisa, que vai tratar de vários problemas", disse o diretor da Coppe, Luiz Pinguelli Rosa. NÚMEROS 7.000 metros abaixo da superfície do mar é a profundidade dos poços de petróleo do campo de Tupi 700 vezes maior é a pressão nessa camada, comparada à do nível do mar 7 metros é a profundidade do tanque de testes do LNDC

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