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Jovem de 13 anos passa em 1º na UFPR

Guilherme Souza, que lê e escreve desde os 2 anos, cursará Química

Por Julio Cesar Lima , PARANÁ; Karina Toledo e SÃO PAULO
Atualização:

O garoto Guilherme Cardoso de Souza, de 13 anos, é o mais novo aluno do curso de Química da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Ele foi o primeiro colocado no vestibular. Mas cursar a universidade é apenas uma das etapas de seu projeto: escrever um livro didático de química para ser utilizado no ensino médio e virar professor. "Preciso estar graduado para editar meu livro", diz. O estudante, que mora na periferia de Curitiba, fez parte do projeto Bom Aluno, da empresa BS Colway, que garante estudos para crianças carentes. O jovem entrou para o programa após sua mãe, Edina Lopes Cardoso, mandar uma carta para a empresa. "Ele lê e escreve sozinho desde os 2 anos. Tentei colocá-lo em uma escola particular, mas não tínhamos dinheiro", conta. Souza terminou o ensino médio em 2008 e será o mais jovem aluno a ingressar na UFPR. Na rede paulista de ensino, isso não seria possível. Em São Paulo, embora a legislação brasileira admita, não é permitido aos alunos com altas habilidades pular séries. "Existem alguns especialistas que discordam dessa aceleração do ensino, pois acreditam que esse aluno deve ter uma convivência com pessoas de sua faixa etária", explica Maria Elizabete da Costa, coordenadora do Centro de Apoio Pedagógico Especializado (Cape), da Secretaria de Estado da Educação, que realiza um trabalho de treinamento de professores da rede para identificar alunos com essa característica e promover atividades extracurriculares que atendam às necessidades. Para Martinha Dutra, da Secretaria de Educação Especial do MEC, a aceleração é possível nos casos em que o aluno demonstra um bom rendimento em todas as disciplinas. "Me parece que esse é o caso do menino do Paraná, pois ele passou em primeiro lugar no vestibular." Ela ressalta a importância de um acompanhamento psicológico com o estudante e sua família em situações como essa. Na opinião da presidente da Associação Paulista para Altas Habilidades/Superdotação (APAHSD), Ada Toscanini, se o aluno for bem orientado, não terá dificuldade para conviver com pessoas de idade diferente. "Na faculdade ele terá um convívio intelectual com essas pessoas e poderá desenvolver suas relações sociais em outros ambientes", diz. "Num conservatório de música não convivem alunos de diferentes idades? Isso é um tabu que precisa ser quebrado."

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