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Instituto do Câncer aposta em novos fármacos

Após 15 anos e mudança de perfil, hospital de 578 leitos será inaugurado em maio em SP

Por Emilio Sant'Anna
Atualização:

Quinze anos após o início de sua construção, o Instituto do Câncer de São Paulo Octavio Frias de Oliveira - ex-Instituto Doutor Arnaldo e ex-Instituto da Mulher - teve seu projeto apresentado oficialmente ontem pelo governo do Estado. O hospital deve abrir suas portas no dia 5 de maio e será o maior centro oncológico da América Latina. Inicialmente, o hospital de 23 andares e 578 leitos funcionará com 12 leitos de UTI e fará o atendimento ambulatorial em oncologia clínica e ginecológica, além de quimioterapia. Uma das apostas, segundo o governador José Serra (PSDB), está na pesquisa e desenvolvimento de novos fármacos para o combate ao câncer. "Os preços que mais sobem entre todos os medicamentos são os do tratamento do câncer", disse o governador. "Portanto, o hospital irá se dedicar também a isso. Novos processos de tratamento e conquistas de redução de custos." Para o diretor da Faculdade de Medicina da USP, Marcos Boulos, o projeto representará um avanço não apenas para os atendimentos. Segundo ele, estão previstas parcerias com o Instituto Ludwig e com o Hospital do Câncer para o desenvolvimento de pesquisas. A previsão é que até o fim de 2009 o hospital funcione com sua capacidade máxima. Quando isso acontecer, cerca de 1,5 mil internações serão feitas por mês, além de 33 mil consultas ambulatoriais, 1,3 mil cirurgias, 6 mil sessões de quimioterapia e 420 de radioterapia. MUDANÇAS Inicialmente projetado para ser um centro de tratamento de doenças da mulher, o hospital foi mudando seu perfil antes mesmo de ser inaugurado. O projeto surgiu em 1989, no governo de Orestes Quércia (PMDB), e passou por outros três governadores até chegar à gestão Serra. Apenas em 2007, duas datas para a inauguração do hospital chegaram a ser divulgadas, até que uma mudança no projeto foi anunciada no fim do ano - resolução que partiu do próprio governador. A definição do modelo de atendimento e da data em que passará a funcionar põe fim aos desentendimentos entre a Secretaria de Estado da Saúde e a Fundação Faculdade de Medicina da USP - gestora do hospital. O modelo proposto pela secretaria é semelhante ao utilizado nos 21 hospitais administrados pelas Organizações Sociais de Saúde (OSSs) no Estado de São Paulo, com número mínimo de procedimentos e teto para a remuneração dos hospitais. No início, isso desagradou à fundação e chegou a gerar reações como a do urologista Miguel Srougi, que liderou um abaixo-assinado dos professores-titulares da USP. No documento, o médico afirmava que o estabelecimento de um teto para a remuneração do hospital colocaria em risco os investimentos em ensino e pesquisa. Firmado o convênio, o custo anual do novo instituto foi estimado em R$ 190 milhões. "Será um custo elevado, mas vamos suportar, pois contaremos com a participação do Ministério da Saúde, que terá de ampliar a remuneração por alguns atendimentos", disse Serra.

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