Iniciativa pode crescer no País

Quase metade da população está acima do peso

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Por Ligia Formenti
Atualização:

Embora tímido, o movimento "beleza obesa" tem tudo para ganhar força no País, diz a pesquisadora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Patrícia Stada. "É questão de tempo." Candidatos não faltam. Segundo levantamento telefônico do Ministério da Saúde, 43,3% da população está acima do peso. Deste grupo, 13% são obesos. Mas a aposta de Patrícia se deve a outro fator. "Esse movimento se encaixa perfeitamente na filosofia atual: não pense em nada, não mude seus hábitos, apenas entregue-se ao consumo e ao prazer imediato", diz a psicóloga, que em outubro lança o livro Obesidade, Sofrimento Psíquico, Realidade, Tratamento e Prevenção, pela Fapesp. Mesmo considerando o movimento previsível, Patrícia, faz um alerta. "O problema é que a ação afirmativa ocorre em torno de um fator de risco para doenças." Defensores de quilos a mais argumentam que nem todos os que ultrapassaram as medidas consideradas ideais têm problemas de saúde. "Podem não apresentar agora. Mas o risco de desenvolver problemas sérios de saúde estão lá", completa a pesquisadora. A tendência do crescimento da obesidade no Brasil assusta. Na década de 1970, 12% da população estava acima do peso e 2% era considerada obesa. O aumento acompanha um fenômeno mundial, que não dá sinal de reversão. "Apesar das ações de promoção da saúde, a tendência de crescimento da obesidade persiste", conta a coordenadora de Doenças e Agravos Não Transmissíveis do Ministério da Saúde, Deborah Malta. Para a coordenadora, é cedo para avaliar o impacto de ações afirmativas entre obesos. "Precisamos mostrar a necessidade da redução do consumo de alimentos ricos em gordura, regulamentar propaganda dirigida ao público infantil, estimular a prática de exercícios físicos", completa. E começam a aparecer no Congresso propostas com foco nas pessoas com obesidade mórbida. Um dos projetos, do deputado Walter Brito Neto (PRB-PB), propõe que pessoas com esse perfil tenham atendimento preferencial em repartições e bancos. Outro, do deputado Vital do Rego Filho (PMDB-PB), prevê criação de assentos especiais. Patrícia gosta das propostas. "É uma forma de as pessoas se convencerem de que obesidade não é preguiça, mas doença." Esse atendimento especial pode ajudar obesos a ter maior consciência do problema que enfrentam. A psicóloga crê que a medida poderia ter potencial educativo até entre a população em geral.

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