''''Incor-SP também deve ser enxugado''''

Médico afirma que possibilidade de arresto de bens não condiz com negociação e que haverá demissões no instituto

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Por Emilio Sant'Anna
Atualização:

Quase sete meses após o governo do Estado de São Paulo assumir a dívida de R$ 140 milhões da Fundação Zerbini com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a fundação se viu pressionada nesta semana a acelerar a negociação com o banco sob o risco de ver seus bens penhorados pela Justiça. Segundo o diretor-presidente da Fundação Zerbini e diretor-executivo do Instituto do Coração (Incor), David Uip, a pressão vai na contramão das negociações iniciadas neste ano. Em entrevista ao Estado, Uip afirma que, após os cortes de funcionários na fundação e no Incor Brasília, as mudanças devem chegar agora ao Incor São Paulo. Os primeiros resultados, segundo ele, já começam a surgir, como o pagamento de parte da dívida com os bancos privados (45,7%) - restam R$ 38 milhões dos R$ 70 milhões iniciais a serem pagos. Qual foi o resultado da negociação com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social? Foi uma reunião promissora. Cabe ao BNDES analisar as propostas que fizemos e dar uma resposta. Houve um acordo entre as partes de não divulgar as propostas até que haja uma decisão. Os bens da Fundação Zerbini correm o risco de ser penhorados? Para mim, isso vai na contramão, pois estamos na negociação desde o começo do ano com um novo parceiro, que é o governo do Estado de São Paulo. É verdade que a fundação não vem pagando (ao BNDES), mas também é verdade que vamos honrar nossos compromissos como temos honrado todos os outros. Neste momento, não temos nenhum acordo que não venha sendo cumprido. Isso vale para fornecedores e bancos privados. Nossa dívida com eles era de R$ 70 milhões até o ano passado, agora é de R$ 38 milhões. Acho que isso é um crédito. A fundação está negociando com o BNDES sob pressão? Quero acreditar que foram coisas em paralelo. Essa negociação não começou ontem. Vem desde o começo do ano, quando o governador Serra veio a público dizer que ajudaria. Obviamente nos pegou de surpresa, pois entendemos que, quando algo está sendo discutido em fase final, não cabe você ser intimado com risco de arresto de bens. A fundação cumpriu as exigências do governo do Estado como o corte de funcionários e readequação salarial? Cumprimos exatamente tudo. Dos projetos que a fundação apoiava (Assistência Médica Ambulatorial e Programa Saúde da Família) só sobrou o Incor-DF, e isso só até o final do ano. Em 2005 e 2006, a Zerbini fechou negativo R$ 56 milhões. Nesses sete meses, estamos positivos R$ 3,2 milhões. Nossa última pendência é a dívida com o BNDES. Qual a próxima etapa? Estamos reestruturando o Incor São Paulo. Estamos conversando com cada médico para identificar como serão os vínculos de trabalho daqui para frente. Isso envolve cortes? Sim. Entendemos que o Incor também deve ser enxugado. É uma política de reestruturação séria e orientada por uma consultoria independente.

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