Histórias de uma top stylist

Patricia Field fala sobre seu papel na 'família' Sex and The City e cita curiosidades do novo filme

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Por Redação
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Sempre impecáveis. Desta vez, as quatros amigas desfilam seu charme e estilo em Marrocos.

 

 

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O quarteto mais fashion da TV chega pela segunda vez à telona, com a estreia mundial do filme Sex and The City 2 nesta sexta. Dessa vez, as quatro amigas - Carrie (Sarah Jessica Parker), Samantha (Kim Cattrall), Charlotte (Kristin Davis) and Miranda (Cynthia Nixon) - vão exibir seus modelitos não só na Big Apple, mas também em cenas gravadas no Oriente Médio - sem sacrificarem a elegância, é claro. A responsável pelo estilo é, mais uma vez, Patrícia Field, 68 anos, que vem assinando o figurino das personagens desde a estreia do seriado Sex and The City pela HBO, em 1998.

 

Patricia foi figurinista em outros filmes, como Os Delírios de Consumo de Becky Bloom e O Diabo Veste Prada, e seriados, como Ugly Betty, da ABC. Mas derrete-se mesmo quando fala do trabalho em Sex and the City. "É uma espécie de Guerra nas Estrelas para mulheres do mundo todo. É algo inimaginável." Conta que, aonde quer que circule, sempre é abordada por fãs do seriado que virou febre mundial e já rendeu o segundo filme. "Não importa que esteja na China ou na América do Sul, todas as mulheres contam que saem com suas amigas, vão ao cinema, se arrumam... É um tipo de clube mundial exclusivamente feminino."

 

Para a própria, o trabalho é uma experiência familiar. "Após 15 anos, somos definitivamente uma família. E fazer o filme é como encontrar os familiares nas férias." Além da intimidade adquirida com o elenco e equipe técnica, Patricia comemora a sintonia com o diretor Michael Patrick King. "Ele me entende. Tem vezes que diz: ‘ sabia que você faria isso’". Assim, tem autonomia para fazer as escolhas que bem deseja. "É melhor tomar decisões baseada no que vem à minha cabeça, e não no que os outros esperam que eu faça." Da mesma forma, diz que ignora os desejos do público. "Se tivesse consciência das expectativas das pessoas, minha criatividade ficaria bloqueada e não teria prazer com meu trabalho."

 

Sobre o processo de criação dos guarda-roupas, é direta e sincera. "Realmente, não faço tanto, porque o mundo está bem aí: todos os estilistas, as roupas..." A matéria-prima é a moda contemporânea, fonte muito bem explorada por Patricia não só em Sex and The City, mas também nos outros filmes dos quais já participou - os quais, diga-se, ela rotula de "filmes fashion". Aliás, diz que a indústria da moda é sua grande aliada. "Os estilistas americanos e europeus - os franceses e italianos - têm sido um apoio e tanto. Devo tudo isso a eles. Essa conexão mundial é a parte mais emocionante."

 

Diferentemente de alguns figurinistas, Patricia raramente costura peças de roupas para as personagens. "Só quando é uma situação especial." Revela, por exemplo, que o chapéu que Samantha usa na sequência em que monta num camelo foi inspirado em um modelo seu. "Tinha andado de camelo no Egito anos antes, e um amigo meu havia feito para mim um chapéu, que eu amava, usava direto, e havia levado comigo para essa viagem." Quando soube que haveria a cena do camelo, ligou para o amigo e encomendou um exemplar igual, em branco. "Foi divertido ver esse chapéu num camelo pela segunda vez, na sua segunda vida."

 

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Bastidores. A figurinista Patricia Field conversa com o diretor do longa, Michael Patrick King.

 

 

O mundo nas araras. Os famosos sapatos Manolo Blahnik, que viraram uma marca de Carrie, estão "perdidos" entre centenas e centenas de pares, assim como outras peças do figurino, que, segundo Patricia, ocupam um espaço imenso, tipo um ginásio, na vizinha Long Island. Há a sala dos sapatos, a das bolsas, as (sim, duas!) das joias... "Eu tenho assistentes maravilhosas, que adoram fazer compras, e colocaram tudo lá. O mundo da moda está naquele espaço, é como ir a uma loja de departamento."

 

Além da total sintonia com a moda (é dona, inclusive, de uma loja em Nova York, que virou ponto turístico para as fashionistas), sua expertise mesmo é traduzir as diferentes personalidades para as vestimentas. Um desafio bem maior do que simplesmente deixar os personagens elegantes e contemporâneos. "A primeira coisa que se deve fazer é captar a essência da pessoa. É o começo de tudo. Não se pode jogar algo em alguém como se ele fosse um boneco. São pessoas que têm um jeito: podem ser carismáticas, calmas, altas, baixas... É algo real."

 

No caso do bonitão Mr. Big (Chris Noth), por exemplo, diz que vem empregando o mesmo estilo desde que o personagem surgiu no seriado. "Basicamente ele tem sido vestido de forma similar durante toda a experiência, porque ele dá suporte ao Mr. Big e não tem mudado. É alto, moreno, bonito, e essa é a forma como ele se veste. E é assim que funciona."

 

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E como a mudança radical de locação (da cosmopolita e urbana Nova York para as paisagens exóticas do Oriente Médio) interferiu no figurino?

 

- Quando chegamos a essa parte do filme, me peguei pensando: "como a Miranda estaria no Oriente Médio?" Ela seria uma espécie de Katharine Hepburn ou como a personagem do filme Entre Dois Amores... enquanto para a Charlotte, e seu cabelo preto, poderia me inspirar em Cleópatra. E Carrie seria um tipo de dama elegante no Oriente Médio. Samantha é muito mais constante na minha cabeça. Ela realmente ficou maior, mais ultrajante e louca no bom sentido. Essa foi a forma que eu as vi quando foram para lá. Pois queria que ficassem bem arrumadas e se divertissem.

 

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