Grupos ligam gene ao vício em tabaco

Fumante que herda a variação do cromossomo dos pais tem mais chance de desenvolver câncer de pulmão

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Por AP
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Cientistas encontraram um fator genético que torna as pessoas mais propensas ao vício do tabaco. A descoberta foi feita simultaneamente por três equipes distintas e, para os especialistas, é o argumento mais forte até agora a favor das razões biológicas do hábito de fumar. A variante genética que aumenta a propensão foi descoberta em uma região do cromossomo 15. Segundo a pesquisa, um fumante que herda essa característica do pai e da mãe, ao mesmo tempo, tem 80% mais chance de desenvolver câncer de pulmão do que um fumante sem os genes nocivos. Na prática, isso corresponderia a uma chance de 25% de desenvolver a doença. Além disso, teria também um risco 45% maior de complicações arteriais periféricas e consumiria, em média, dois cigarros a mais por dia do que os demais fumantes. Quem recebe a variante genética de apenas um genitor apresenta um risco 30% maior de desenvolver câncer no pulmão, quando comparado aos fumantes sem a variante. Também tem o costume de fumar um cigarro a mais por dia. A maior parte da população estudada pertencia a este grupo: cerca de 45%. De qualquer forma, os pesquisadores enfatizaram que as pessoas sem a variante não podem considerar a recente descoberta como uma luz verde para fumar. Existem outras doenças relacionadas ao cigarro e o risco de contrair câncer de pulmão ainda seria de 14%. 35 MIL PARTICIPANTES Os três estudos, financiados por governos na Europa e nos Estados Unidos, foram publicados em conjunto hoje nas revistas científicas Nature e Nature Genetics. Participaram da pesquisa mais de 35 mil pessoas na Europa, no Canadá e nos Estados Unidos. Os cientistas ainda não sabem se a predisposição é causada por um único gene ou por um conjunto de três genes intimamente relacionados. Há também um ponto de divergência nos estudos. Dois deles afirmam que a variante genética aumentaria diretamente o risco de câncer no pulmão. Paul Brennan, da Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer em Lyon (França), principal autor de uma das pesquisas, afirma ter encontrado indícios de que a presença da variante genética em não-fumantes viria acompanhada do aumento de incidência da doença. Mas Kari Stefansson, responsável pelo maior dos três estudos e executivo-chefe da deCode Genetics, na Islândia, disse que o aumento no risco de câncer de pulmão é indireto. Os cigarros extras diários das pessoas com a variante genética, aliados à dificuldade que esses fumantes encontram para parar de fumar, explicariam o aumento no risco de câncer.

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