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Grandezas e misérias de um rei infeliz

Por Nelson Motta
Atualização:

Michael Jackson representa o esplendor máximo da era das grandes estrelas do pop - e ao mesmo tempo a sua maior e mais trágica decadência. Talentosíssimo cantor e bailarino, Michael se tornou também um grande compositor e produtor e entra para História como um artista completo e maravilhoso - e um ser humano frágil, solitário e infeliz. Apaixonado desde criança pela cantora Diana Ross, Michael teve nela a sua maior inspiração, não só musical, mas até mesmo das incontáveis plásticas que fez e que tiveram nela o seu modelo inatingível. Com sua voz delicada e sua grande sensibilidade, Michael dissolveu todas as fronteiras entre homem e mulher, entre negro e branco, entre adulto e criança, criando um estilo que se tornou um dos maiores símbolos das grandezas e misérias de uma era de abundância e de excessos. Como um popstar precoce, Michael não teve infância nem adolescência, oprimido por um pai autoritário e muitas vezes brutal, que exigia o máximo dos filhos e especialmente do pequeno Michael. Adulto e famoso, Michael Jackson passou a vida tentando resgatar sua infância perdida. Ídolo das crianças e dos adolescentes que ele não pode ser, em sua glória e tragédia se misturam inocência e perversão, popularidade e prestígio, fragilidade emocional e maturidade artística. Para minha geração e as que vieram depois, Michael Jackson é a trilha sonora de nossa história. Ao lado de Madonna e de Prince, ele se tornou o maior ícone do pop dos anos 80 e, com a ajuda do produtor Quincy Jones, estabeleceu novos patamares de qualidade e quantidade no mundo musical com a obra-prima Thriller, e dois grandes discos, Bad e Off the Wall. E não precisava ter feito mais nada para garantir um lugar de honra na história da música popular. No Brasil, Michael era tão querido que, a partir do seu sucesso, muitos pais começaram a homenageá-lo, batizando seus filhos como... Maicon, que se tornou um dos nomes mais populares das novas gerações, até na lateral da Seleção. Entre nós, as suas músicas foram cantadas e dançadas nas favelas e nos condomínios, nas boates e nos bailões, nas casas e nas ruas, unindo as pessoas e levando alegria aos que hoje choram a sua partida. * Especial para o Estado

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