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Graças a ele, os meninos também dançam

Por Helena Katz
Atualização:

Ele tinha 24 anos quando se tornou imbatível naquilo que ainda viria a ser identificado como a dança da era disco ou pop. O videoclipe de Thriller, dirigido por John Landis, produziu a maior epidemia de clones em todos os cantos do mundo. Embora os estudiosos identifiquem primórdios de videoclipe já na década de 1950, em cenas de Gene Kelly em Cantando na Chuva (1952) ou de Elvis Presley em Jailhouse Rock (1957), é o mundo dos zumbis de Thriller que inaugura a relação entre música, dança e imagem. No Brasil, a extensão da popularidade daquela dança pode ser medida pelos cerca de 1,2 milhão de discos vendidos. Mas são poucos os que sabem que a nossa cultura popular também foi diretamente contaminada. Ângelo Madureira, cria do Balé Popular do Recife, fundado por seu pai, André Madureira, conta, em entrevista exclusiva, que existe um depoimento sobre Michael Jackson gravado por seu tio Antúlio: "Ele dizia que, graças ao sucesso da dança de Jackson, o preconceito diminuiu e os meninos retornaram tanto para as danças da cultura popular quanto para aquele tipo de dança que ele lançava." Segundo Angelo, quem prestar atenção vai verificar que o passo chamado de "perna bamba" (no cavalo marinho) e o passo chamado "tesoura" (no bumba meu boi) guardam semelhanças com os passos de Jackson. Ou seja, todos esses passos vieram de lugares aparentados. Mas há também outro traço muito curioso. O Balé Brasílica, a companhia jovem fundada pelo Balé Popular do Recife, utilizou passos de Michael Jackson em três de suas criações. "No clipe do Black or White existe um grupo de dança afro e outro de dança russa." Quando é que Michael Jackson iria imaginar que a dança de um clipe seu de 1991 (a música é do seu álbum Dangerous) estaria no corpo dos dançarinos de uma companhia dedicada à cultura popular brasileira?

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