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Governo suspende leite C de empresa investigada

Venda de produto da Coopervale está proibida até que cooperativa comprove a qualidade do produto

Por Emilio Sant'Anna
Atualização:

O Ministério da Agricultura suspendeu ontem, como medida preventiva, a comercialização do leite tipo C da Cooperativa dos Produtores de Leite do Vale do Rio Grande (Coopervale) em todo o País até que a empresa comprove a qualidade do produto. A Coopervale é uma das duas cooperativas investigadas pela Polícia Federal (PF) na Operação Ouro Branco, que revelou, na semana passada, um esquema de adulteração de leite pela adição de soda cáustica e água oxigenada para aumentar o volume e a longevidade. A produção de leite longa-vida integral da Coopervale está suspensa desde o início da operação. Parte do produto foi recolhida para análise por laboratórios do ministério e parte, encaminhada para descarte (leia ao lado). "Isso faz parte de uma medida do ministério que também envolve a Parmalat e a cooperativa de Passos (a Casmil, outra investigada pela operação)", disse Geraldo Cardoso Sobrinho, interventor nomeado pela Justiça na Coopervale. A Parmalat e a Casmil foram procuradas ontem à noite pelo Estado para comentar o caso, mas nenhum representante das empresas foi localizado. PENTE-FINO Ontem, o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) divulgou uma carta enviada ao Ministério da Agricultura e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em que pede a análise de todas as marcas de leite comercializadas no País por laboratórios dos dois órgãos. Laudos de amostras coletadas na semana passada, no primeiro dia da operação, devem ficar prontos nos próximos dias. O Idec pede ainda que os resultados das análises do leite apreendido sejam divulgados com agilidade. A entidade cobra do governo mais clareza nas informações prestadas à população. Para Daniela Trettel, advogada do Idec, nada foi feito para esclarecer a situação. "Oficialmente, a população ainda não foi comunicada pela Anvisa", diz. A advogada cobra também que as informações das empresas envolvidas na fraude sejam feitas de forma "séria" e não por meio de publicidade. "Nossa preocupação é levar essa investigação para além do ponto atual e conseguir que se faça o mesmo em 100% do leite vendido", afirma Daniela. A mudança na fiscalização também é cobrada pelo instituto. A intenção é acabar com disparidades, como critérios de avaliação diferentes para produtos vendidos no Brasil e os exportados, muitas vezes submetidos a análises mais rigorosas. A Assessoria de Imprensa Ministério da Agricultura informou que, pelo menos no caso do leite, a partir de segunda-feira a fiscalização será feita por fiscais itinerantes. As empresas serão escolhidas por sorteio, o que diminui a possibilidade de fraudes. SELO Ontem, a Associação Brasileira de Leite Longa Vida (ABLV) anunciou que vai lançar um selo de pureza do leite. "A certificação, que pretendemos implementar em 2008, visa a tranqüilizar o consumidor, garantindo que, dentro da caixinha, só existe leite puro", explicou Laércio Barbosa, vice-presidente da ABLV.

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