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Governadora do Pará apoia reserva menor

Depois, Ana Júlia diz que regra valeria em área degradada

Foto do author Leonencio Nossa
Por Leonencio Nossa e ITAITUBA (PA)
Atualização:

Ao visitar um dos municípios cobertos pela floresta amazônica que ainda não foram alvos da pecuária e da indústria madeireira, a governadora do Pará, Ana Júlia Carepa (PT), defendeu o aumento de 20% para 50% do porcentual que pode ser desmatado em propriedades rurais da região. A proposta, defendida por pecuaristas e produtores de soja, foi apresentada num encontro com garimpeiros, fazendeiros, estudantes e sindicalistas de Itaituba, a 1.350 km de Belém, onde a área desmatada era de 7% até 2007. "Vamos resgatar a Amazônia, mas não como eles querem", afirmou. A afirmação da governadora, presenciada pelo Estado na última terça-feira, foi feita logo após um discurso não menos exaltado de um estudante de escola pública. "Tem cobra na sala de aula", gritou Vanderson Oliveira, de 15 anos, que recebeu autorização da própria governadora para falar. "A gente não tem carteira e precisa tirar a água com rodo quando chove." Foi o suficiente para Ana Júlia se revoltar e dizer que os "pobres" estão gostando das ações dela na área do ensino, reclamar da "herança" deixada pelo PSDB e defender a política ambiental. Sobrou até para Arnold Schwarzenegger, governador da Califórnia. "Vou falar para o Schwarzenegger, eles não fizeram nada para proteger a floresta deles, agora querem falar da Amazônia", disse. Itaituba tem uma área de 62 mil km2, maior que o território do RJ. Entidades ambientalistas dizem que a extração de ouro nas clareiras da floresta contamina igarapés e rios do Vale do Tapajós. Depois, mais calma, a governadora disse ao Estado que sua política é garantir o desenvolvimento sem derrubar a floresta e que tinha sido mal compreendida. Explicou que defende a redução de 80% para 50% da reserva legal de floresta nas propriedades apenas em áreas com zoneamento ecológico e que perderam a maior parte de sua cobertura. Somariam 33 milhões de hectares, 27% do Pará. "Desculpe-me, tive de fazer uma intervenção menos técnica. A proposta é permitir, onde já tem degradação, que se reduza a reserva legal. Nessas áreas, as pessoas que desmataram 80% da cobertura terão de recuperar parte da mata até chegar a 50%", explicou. "Aqui a gente combate a grilagem, a picaretagem", afirmou. "Ao mesmo tempo, não posso permitir que pessoas morram de fome por causa de uma ONG."

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