''Gás do riso'' toma o lugar dos CFCs

Óxido nitroso torna-se o principal gás que enfraquece a camada de ozônio, dizem cientistas americanos

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Por Reuters e OSLO
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O óxido nitroso, também conhecido como "gás do riso", tornou-se a substância fabricada pelo homem que mais danifica a camada de ozônio e assim deve permanecer pelo resto do século, dizem pesquisadores em um novo estudo, publicado na edição de hoje da revista Science. Essa camada protege a Terra contra os raios ultravioleta do Sol, que podem causar câncer de pele e prejudicar lavouras. A pesquisa, realizada pela Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos, afirma que limites mais rígidos para as emissões de óxido nitroso, que também é causador do efeito estufa, seria benéfico tanto para a camada de ozônio quanto para o clima. O óxido nitroso tomou o lugar dos clorofluorcarbonos (CFCs), antigamente usados na fabricação de refrigeradores, que estão sendo gradualmente eliminados de acordo com o Protocolo de Montreal, de 1987, quando se descobriu que essas substâncias diminuíam a camada de ozônio. Cerca de 10 milhões de toneladas de óxido nitroso por ano - um terço das emissões mundiais - são produzidas pelo homem, incluindo o uso de fertilizantes, combustíveis fósseis e como resultado da atividade industrial. O "gás do riso" também é usado como anestésico. Os outros dois terços do óxido nitroso vêm da natureza, liberados por bactérias no solo. "A principal razão para o grande papel que o óxido nitroso desempenha hoje na destruição da camada de ozônio é o sucesso do Protocolo de Montreal, que reduziu as emissões de CFCs e de outras substâncias químicas semelhantes", afirmou o principal autor da pesquisa, A.R. Ravishankara. "Limitar as emissões futuras de óxido nitroso poderia acelerar a recuperação da camada de ozônio". O Protocolo de Montreal não regulava o óxido nitroso, mas o de Kyoto, sim: as nações deveriam cortar as emissões em 5% abaixo dos níveis de 1990 no período de 2008 a 2012. A coordenadora de Proteção da Camada de Ozônio do Ministério do Meio Ambiente, Magna Luduvice, considera que não seria necessário reformular Montreal. "Bastaria obedecer Kyoto", aponta Magna.

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