Febre amarela mata seis macacos no DF

Parque foi fechado e autoridades ampliam prevenção

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Por Ligia Formenti e BRASÍLIA
Atualização:

A morte de seis macacos com suspeita de febre amarela em Brasília colocou em alerta autoridades sanitárias. Um esquema de emergência de vacinação da população do Distrito Federal foi montado, o Parque Nacional de Brasília, onde os animais morreram, foi fechado e equipes devem borrifar algumas regiões da cidade com inseticida para evitar que pessoas sejam contaminadas. "Não há motivos para alarme. Mas temos de ser precavidos", afirmou ontem o secretário de Saúde do Distrito Federal, José Eduardo Maciel. Hoje e amanhã, 69 unidades de saúde ficarão abertas para imunizar pessoas que estejam em atraso com a vacinação contra a febre amarela. "É um reforço. A vacina é encontrada em todos os postos, durante a semana", disse o secretário. Também hoje técnicos iniciam a borrifação para controlar a população do mosquito Aedes aegypti, transmissor da febre amarela urbana e da dengue, em regiões próximas do local onde os macacos mortos foram encontrados. A febre amarela é uma doença infecciosa que afeta macacos e homens. Nos animais, o vírus que a causa é transmitido por dois mosquitos, o Haemagogos e o Sabetis. TRANSMISSÃO A ocorrência de casos entre macacos indica a presença de certos mosquitos que carregam o vírus e podem contaminar também humanos. "Quando pessoas entram nos campos, elas podem ser picadas também por esses mosquitos contaminados que infectaram os macacos, levando depois a doença para as cidades", afirma Ricardo Marins, da Secretaria de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde. Em regiões onde o Aedes aegypti vive, portanto, existe o risco de se instalar uma epidemia urbana. "Isso porque o transmissor da dengue também é vetor do vírus da febre amarela", explica Marins. O último caso de febre amarela urbana foi registrado em 1942, no Acre. "Para evitar um novo surto é preciso duas coisas: população vacinada contra a doença e uma redução de criadouros do Aedes." As vísceras dos macacos mortos foram enviadas para o Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, para análise e confirmação do diagnóstico inicial. A expectativa é que os resultados fiquem prontos em 20 dias. Até lá, o Parque Nacional de Brasília, onde dois macacos foram encontrados mortos, permanecerá fechado para visitação. MIGRAÇÃO A primeira morte foi registrada dia 14, no Parque da Água Mineral, que faz parte do Parque Nacional de Brasília. Cinco dias depois, um novo caso foi notificado no mesmo parque. No dia 21, outros quatro animais, em outras áreas da cidade, foram encontrados mortos. "Esse registro preocupou, porque 40 macacos já morreram com febre amarela em Goiás", comentou Ricardo Marins. Caso seja confirmada a contaminação dos animais de Brasília, a hipótese mais provável levantada pela Secretaria de Saúde é a de que o mosquito tenha migrado. O vetor pode se deslocar por 11 quilômetros. Nas áreas próximas dos locais onde há suspeita da febre vivem cerca de 13 mil pessoas. "Mas a grande maioria da população de Brasília é vacinada contra a doença, o que nos deixa bastante tranqüilos", diz Maciel. Segundo ele, 91% dos adultos e 93% das crianças de Brasília estão imunizados contra a doença. Só devem ser vacinadas pessoas que estão com a vacina em atraso. Ela protege por 10 anos.

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