Falta de dose infantil no mercado faz Estados produzirem remédio da gripe

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Por Fabiane Leite
Atualização:

O Ministério da Saúde informou ontem que não há mais soluções pediátricas do medicamento oseltamivir, contra gripe suína, disponíveis para compra no mercado. Em razão do desabastecimento, informado entre o fim de julho e o início deste mês pelo laboratório Roche, fabricante da droga, a pasta anunciou que seis governos estaduais foram autorizados, no último dia 6, a iniciar a preparação de 112.870 tratamentos infantis, a partir de matéria prima estocada pelo Brasil. A substância ativa guardada já vinha sendo utilizada pelo laboratório federal Farmanguinhos para fazer comprimidos destinados ao uso de adultos. Em São Paulo, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP começou a produzir 5 mil frascos da solução na última sexta. Serviços de saúde pediátricos que vinham recebendo a solução fabricada pela Roche notaram a diferença nesta semana, ao receber as primeiras doses do HC. A alteração chamou a atenção também do Conselho Regional de Farmácia. "Se o Hospital das Clínicas está fazendo, dá a entender que não tem em estoque", afirmou o vice-presidente da entidade, Marcelo Polacow. O ministério, responsável pela centralização dos estoques no País, porém, negou desabastecimento. Informou já ter disponibilizado 10.179 tratamentos infantis e que há ainda 3.371 frascos guardados. Segundo informou em nota, optou por não usar a reserva para ter um estoque estratégico de produto acabado. A Roche não comentou. Nos últimos dias, porém, pais em São Paulo vinham reclamando de dificuldades para encontrar o oseltamivir em solução, apresentação recomendada para crianças e adultos com menos de 40 quilos e crianças com menos de 8 anos. Levantamento da reportagem verificou anteontem que de 24 postos de distribuição da capital, nove não tinham a apresentação pediátrica. Além disso, segundo a reportagem apurou, pela escassez, alguns hospitais vinham diluindo por conta própria comprimidos para adultos, o que é inadequado. A Secretaria de Estado da Saúde informou apenas que o hospital tem capacidade para a fabricação do remédio. No dia 17 recomeçam as aulas nas escolas públicas e na maioria das particulares do Estado, o que pode aumentar o risco de contaminação entre as crianças. São Paulo recebeu matéria prima para fazer 21.280 tratamentos infantis, além de manual da Roche. Segundo o ministério, Farmanguinhos não poderia preparar as dosagens porque se trata de um processo de manipulação, inesperado, e a unidade realiza processos industriais.

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