Exercício na gravidez aumenta QI dos filhos

Estudo indica que, desde a concepção, mãe tem papel central na inteligência da criança

PUBLICIDADE

Por NOVA YORK
Atualização:

Mães que se exercitam durante a gravidez ajudam a aumentar o QI de seus filhos, aponta uma pesquisa dos EUA. Desafiando a convenção de que 80% da inteligência depende do ambiente, Richard Nisbett, psicólogo e pai de dois filhos, argumenta que seus recentes estudos mostram um papel central da mãe nesse processo, inclusive depois da gestação. Segundo ele, o pai teria pouca influência na inteligência de suas crianças. No novo livro de Nisbett, Intelligence and How to Get It (Inteligência e como obtê-la, ainda não traduzido para o português), o psicólogo diz que o importante papel que a mãe exerce nas habilidades de aprender e de raciocinar de seus filhos começa logo após a concepção. "Crianças cujas mães se exercitaram por 30 minutos durante a gravidez têm aumento de cerca de 8 pontos em testes de QI comparadas a filhos de mães sedentárias", explica. "E amamentar o filho por nove meses aumenta a pontuação do QI em mais de 6 pontos." A constatação de Nisbett vai contra o que se indicava há alguns anos. Gerações atrás, as mães eram encorajadas a evitar fazer muitos exercícios físicos após o terceiro mês de gravidez. Mas os últimos estudos na área já apontavam que fazer exercícios com pesos leves, alongamentos e até corridas poderiam ser benéficos para algumas mães, mas não para todas. "Fazer exercícios ajuda no crescimento dos neurônios e nos suprimentos de sangue para o cérebro das crianças", explica. Segundo ele, exercícios durante a gravidez e amamentação podem aumentar o QI de uma criança para 114, ou 14 pontos acima da média. Na pesquisa, Nisbett também constatou que outra forma de as mães estimularem a inteligência dos filhos é falando com eles. O psicólogo encoraja pais a fazerem questões das quais já saibam a resposta e, se necessário, explicar como chegaram a ela. Isso, diz, encorajaria a criança a procurar respostas para as suas próprias dúvidas. Nisbett também diz que é mais importante dar reconhecimento à dedicação das crianças quando alcançam sucesso em algo do que simplesmente chamá-los de inteligentes, uma vez que dedicação é algo de que as crianças têm controle. As ideias de Nisbett estão se espalhando. No Texas, mães estão sendo convencidas a criar uma "atmosfera rica educacionalmente" para suas crianças, especialmente durante as férias. Mas o psicólogo diz que a escolha da escola também é importante. Ele elogia uma rede de escolas privadas nos EUA chamada Kipp, que treina alunos e mães de subúrbios pobres para estudar 12 horas por dia e ter apenas pequenos feriados. A pontuação de QI dos estudantes da Kipp é semelhante à das escolas privadas mais caras. Para Nisbett, todo esse processo pode ajudar a mãe a ampliar o QI de seus filhos. Entretanto, ele admite que há uma linha muito tênue entre mães que guiam seus filhos para o sucesso e pais que ocupam muito seus filhos e tiram o prazer de suas crianças. "Mas a mãe é o principal agente. Em famílias dominadas pelo pai, há mais habilidades em matemática, mas é só isso."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.