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Ex-cirurgião é condenado a 8 anos de prisão

Caron pode recorrer em liberdade; família de vítima critica sentença

Por Rubens Santos e GOIÂNIA
Atualização:

O médico cassado Dionísio Marcelo Caron, de 45 anos, foi condenado ontem pelo Tribunal do Júri de Goiás a oito anos de reclusão em regime semiaberto. Caron também terá de pagar indenização de R$ 30 mil aos filhos de Janet Virgínia Novais Faleiro, morta aos 41 anos após cirurgia de lipoescultura realizada por ele em fevereiro de 2001, em Goiânia. O médico fazia cirurgias plásticas sem especialização na área. A defesa deve recorrer da decisão ainda nesta semana, e Caron vai aguardar em liberdade. O ex-médico deixou o tribunal acompanhado por um irmão e dois advogados. Segundo um deles, Douglas Dalton Messora, Caron tem direito a recorrer no próprio tribunal, assim como no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e no Supremo Tribunal Federal (STF). A família de Janet não ficou satisfeita com o resultado. "Esperava por muito mais justiça", afirmou a mãe dela, Cléria Maria Novaes. "O resultado deixou dentro de mim um sentimento de que a justiça ainda não foi feita", completou Jane, irmã de Janet, que iniciou a ação contra o médico. O promotor de Justiça João Telles, que o acusou, também se revoltou com o resultado. "Se era para reconhecer como homicídio culposo, melhor seria tê-lo inocentado.", Telles queria que Caron fosse condenado por homicídio doloso e recebesse a pena máxima de 30 anos. Cerca de 400 pessoas assistiram ao julgamento, que durou pouco mais de 14 horas. Chamaram a atenção os testemunhos de duas instrumentadoras que auxiliavam o médico nas cirurgias. Elas afirmaram que tinham liberdade "de dar ou retirar" pontos de pacientes. "Ele deixava, sim" , disse a instrumentadora Maria de Lurdes Gomes. Ela revelou que, em muitos casos, ela recebia os pacientes na consulta de retorno pós-cirúrgico, caso o médico estivesse viajando. "Eu ligava para ele, que me perguntava quais eram as condições da paciente e, dependendo do caso, ele me mandava retirar os pontos", contou. Caron se defendeu alegando que a funcionária estava "equivocada".

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