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EUA contratam brasileiros para estudar erupção solar

Meta é melhorar capacidade de previsão do fenômeno, que interfere em sistemas de telecomunicação e GPS

Por Herton Escobar
Atualização:

Pesquisadores brasileiros foram contratados pela Força Aérea dos Estados Unidos para estudar a previsibilidade das ejeções de massa coronal (CME, na sigla em inglês), um tipo de erupção solar que interfere em sistemas de telecomunicação e de posicionamento via satélite (tipo GPS) na Terra. O projeto, que teve início no mês passado, vai monitorar o comportamento do Sol antes e depois desses eventos durante três anos, em busca de sinais característicos que permitam melhorar a previsão de quando essas erupções vão ocorrer. Assista a vídeo da Nasa que retrata ejeção de massa coronal O contrato foi firmado entre o Escritório de Pesquisa Científica da Força Aérea Americana e o Centro de Rádio Astronomia e Astrofísica Mackenzie (CRAMM), em São Paulo, que venceu uma concorrência internacional para realizar o projeto, de US$ 75 mil. Segundo o coordenador do centro e especialista em física solar, Pierre Kaufmann, as CME levam de dois a três dias para atingir a Terra. Dessa forma, com base em critérios mais apurados de previsão, seria possível agir de maneira preventiva para evitar danos a satélites e redes de comunicação em terra, frequentemente afetadas pelas ejeções. As CME são gigantescas nuvens de massa solar, carregadas de elétrons, que são lançadas no espaço a milhares de quilômetros por hora. Elas podem ser pensadas como furacões que se formam no oceano e levam alguns dias para atingir terra firme: quanto melhor os cientistas puderem prever a intensidade, a rota e a velocidade de deslocamento da tempestade, melhor as pessoas poderão se preparar para seus impactos. As erupções solares ocorrem diariamente, com tamanhos e direções variadas. Os "meteorologistas espaciais" sabem que as maiores - que podem afetar a Terra de maneira mais severa - ocorrem em períodos de forte atividade solar, quando há muitas manchas na superfície da estrela. Mas não há maneira de prever quando exatamente elas vão acontecer. "Sempre que houver uma CME, vamos rever a história de como o Sol estava se comportando naquele momento, procurando por padrões que nos permitam diagnosticar e prever melhor esses eventos", afirma Kaufmann. Os estudos serão feitos com base em dois instrumentos do observatório El Leoncito, nos Andes argentinos, construídos pelo Brasil e operados em parceria com a Argentina. Um deles é um telescópio que "filma" o Sol em tempo real, com velocidade de 30 quadros por segundo. Ontem, a Nasa divulgou vídeos de ejeções coronais em 3D, feitas pelos satélites de pesquisa Stereo, que ficam posicionados em lados opostos da órbita da Terra. Os dados permitem estudar em detalhe a evolução das CME no espaço interplanetário. Ao atingir a Terra, as CME podem interferir com sistemas de GPS, de telefonia celular e até causar apagões. Mas há um lado positivo: são elas as responsáveis pelas auroras boreal e austral. PANORAMA 150 milhões de quilômetros é a distância entre o Sol e a Terra, conhecida como uma unidade astronômica (1 AU) 2 dias é o tempo mínimo que uma CME leva para atingir o planeta, viajando a milhares de km por hora

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