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''''Estou convicto de que a crise acabou''''

David Uip: diretor-executivo do Incor-SP e diretor-presidente da Fundação Zerbini[br]Após ajudar a salvar o Incor-SP, o infectologista está deixando os dois cargos para se dedicar a projetos pessoais

Por Carlos Marchi
Atualização:

A crise do Incor está solucionada, garante o infectologista David Uip, diretor-executivo do hospital e diretor-presidente da Fundação Zerbini. Um ano depois da crise provocada por uma dívida de R$ 250 milhões, Uip está deixando os dois cargos para se dedicar a projetos pessoais, entre eles a formação de médicos em Angola. Eis a entrevista concedida ao Estado: Por que o senhor está deixando o Incor e a Fundação Zerbini? Cumpri a minha missão. Quando fui convidado, há quatro anos e meio, tinha uma experiência modesta em gestão. Aceitei o desafio por achar que devia isso à instituição. Fiz o que podia e entendo que, daqui para a frente, os que me sucederem terão energias renovadas. Sou contra o continuísmo. A crise do Incor está equacionada? Tenho absoluta convicção disso. Estamos em dia com nossos fornecedores, salários, os bancos privados e estamos no fim da negociação com o BNDES. Hoje, a Fundação Zerbini está focada em seus objetivos. O que foi vital para resolver o impasse? Transparência. Abri as contas que tinha em mãos e começamos a vislumbrar problemas que não eram do nosso conhecimento. Até que chegamos ao limite da dívida, de R$ 250 milhões. Era muito maior do que pensávamos. Mas a recuperação do Incor foi liderada por um grupo de pessoas decisivas. Houve forte apoio do novo Conselho Diretor do Incor e do Conselho Deliberativo do Hospital das Clínicas. Fomos apoiados pelo governo de São Paulo e pelo governo federal. A Procuradoria-Geral do Estado e sua Curadoria das Fundações ajudaram. A imprensa foi absolutamente decisiva. As relações políticas foram essenciais, não? Veja como o Incor é importante. Graças a um pedido do seu médico, o professor Roberto Kalil, o presidente Lula nos atendeu na Base Aérea, num fim de semana, e convocou ministros para solucionar a crise. O quadro funcional não reclamou? Nós atrasamos o pagamento de salários, fomos obrigados a suprimir benefícios, vivemos num clima de incerteza, mas ninguém arredou pé. Hoje temos um plano diretor excelente para os próximos dez anos, mas não tenho dúvidas de que o êxito do Incor foi ter decidido investir nas pessoas. Na crise, dissemos para os funcionários: ?Estamos em dificuldades, vamos ver como a gente vai sair?. Hoje, estamos conseguindo repor os benefícios, recompor os quadros. O Incor perdeu quadros importantes na crise? Não. Tivemos de reduzir salários, ninguém podia ganhar mais que o governador. Reduzir salário de talentos não é fácil. Não havia salários astronômicos, mas ganhava-se mais do que se ganha hoje. A redução nos investimentos durante a crise remeteu a alguma obsolescência? O Incor está investindo. Estamos inaugurando uma ressonância magnética, tomógrafos, ecocardiógrafos moderníssimos. O que talvez não tenha ficado claro é que um hospital desse porte precisa de investimentos diários. Hoje, o Incor é um dos três melhores hospitais de cardiologia do mundo. Mas deseja ser o primeiro. Para isso, precisa de investimento continuado. Quem é: David Uip É infectologista. Além dos cargos que exerce no Incor-SP e na Zerbini, foi idealizador do Centro de Reprodução Assistida em Situações Especiais

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